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ANÁLISE
Juro alto mantém atração pela entrada da moeda americana
CARLOS THADEU DE FREITAS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Na última reunião do Comitê de Política Monetária, o
Banco Central optou por interromper a alta da Selic (taxa básica de juros), uma vez
que a inflação está sob controle no momento e permanecem as incertezas nas economias avançadas.
Mas, apesar das perspectivas de redução da atividade
econômica nos países desenvolvidos, a expectativa de
que a inflação no Brasil levará mais tempo até convergir
para a meta do BC pode significar novos aumentos nas taxas de juros, nos próximos
anos, caso os gastos do governo continuem crescendo.
E taxas de juros maiores
tendem a atrair mais investimentos estrangeiros para
renda fixa, provocando entrada de mais dólares.
Considerando esse cenário, torna-se difícil esperar o
enfraquecimento do real.
Estruturalmente, há uma
tendência de valorização da
moeda brasileira que se deve
à redução substancial dos
riscos incidentes sobre nossa
economia, após a adoção de
políticas macroeconômicas
consistentes.
Compras de dólares no
mercado à vista aumentam
as reservas internacionais, as
quais, embora tenham tido
papel fundamental na redução do risco soberano do
país, embutem um custo fiscal elevado.
Ao comprar dólares, o BC
injeta, no mercado, moeda
que tem de ser custeada via
emissão de títulos públicos
com rendimentos muito superiores (taxa Selic) à remuneração das reservas internacionais, atualmente bem próxima de zero.
Não obstante, a intervenção no mercado futuro de dólar por meio de "swaps" cambiais reversos, apesar de oferecerem alívio no curtíssimo
prazo, demonstram-se inócuos para conter a valorização do câmbio num cenário
de manutenção ou mesmo
elevação da taxa Selic.
Os "swaps" cambiais reversos equivalem à compra
de dólar no mercado futuro.
Assim sendo, a intervenção do Banco Central, seja no
mercado cambial à vista ou
futuro, é ineficiente dada a
tendência de apreciação do
real no longo prazo, apesar
do possível benefício da redução da volatilidade.
Por outro lado, as vendas
do varejo e a importação de
bens de capital beneficiam-se do real valorizado. O caminho para um dólar menos barato reside na elevação da
poupança interna via aperto
fiscal e queda dos juros.
CARLOS THADEU DE FREITAS é
economista-chefe da Confederação
Nacional do Comércio e ex-diretor do BC.
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