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O dono da escola
Chaim Zaher é o controlador do maior grupo de escolas do país e defende a privatização da gestão da educação e a cobrança em universidades do governo
ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
Quando Chaim Zaher, 57,
controlador do SEB (Sistema
Educacional Brasileiro), recebeu a proposta para vender as redes de escolas COC,
Pueri Domus, Dom Bosco e
seus sistemas de ensino, percebeu que não conseguiria ficar longe do negócio chamado educação.
"Fizeram uma proposta
muito boa [não diz o valor],
mas pensei no que faria com
o dinheiro e concluí que compraria escolas novamente. Só
que não poderia concorrer
com os compradores por cinco anos."
Então, para não ficar "rico
e infeliz" durante todo esse
tempo, ele resolveu vender
por R$ 888 milhões apenas a
divisão de materiais didáticos para a britânica Pearson
Educacion, que controla o
jornal "Financial Times". E
ficou satisfeito.
Pudera. Nove meses depois da transação, o empresário diz ter um faturamento
estimado em R$ 400 milhões
por ano, quase o triplo do
que a Pearson fatura com as
empresas que comprou dele.
Isso foi possível, segundo
Chaim, porque sem as editoras dos materiais didáticos o
grupo teve condições de investir integralmente na modernização das escolas.
Pelos resultados que o grupo obteve e por quatro décadas nesse mercado, ele só vê
uma forma qualificar a educação pública: "Escola, para
dar certo, tem de ter dono".
PRIVATIZAÇÃO
A afirmação desse libanês
naturalizado brasileiro expõe também a face de empresário agressivo nos negócios,
para quem não basta "gostar" do ramo. Perder dinheiro
não é uma opção.
"Não estou dizendo que
tem de privatizar as escolas
públicas. Mas acho que o recurso deveria ser melhor
aproveitado."
Como quem parece saber
que pode deixar muita gente
de cabelos em pé, continua:
"É fato, nem todo diretor pedagógico é um bom gerente,
um bom administrador. E toda escola tem de ser tratada
assim, como empresa".
Nessa linha de raciocínio,
o dono do maior grupo de escolas próprias do país defende a privatização da gestão
das unidades públicas e até a
cobrança de taxas para estudantes de universidades do
governo.
"No Brasil ninguém teve
coragem de cobrar daqueles
que podem pagar. O ensino
público depende muito de
verba do governo, que não é
usada necessariamente para
melhorar condições de alunos e professores."
CARREIRA
Chaim é uma espécie de
Silvio Santos da educação.
Hoje bilionário, ele trabalhou como mascate para ajudar o pai e seu primeiro emprego na área educacional
foi vender matrículas para
uma escola de Araçatuba (interior de São Paulo).
Fez "carreira" na primeira
escola, até deu aulas, mesmo
não sendo professor. Mas foi
demitido quando sugeriu ao
patrão que buscasse parceiros para não perder espaço
para os cursinhos da capital,
que começavam a invadir o
interior na década de 70.
Sem emprego, conseguiu
fazer uma parceria com professores de um colégio paulistano. Chaim se desdobrava
como diretor do pequeno
cursinho que montou. "Cheguei a dormir na porta da casa do professor, em Rio Preto,
para poder levá-lo de manhã
para Araçatuba", conta.
O primeiro grande salto foi
se tornar franqueado do Objetivo, hoje seu concorrente.
Para firmar a parceria, porém, ele precisou pegar João
Carlos Di Genio de surpresa.
E foi inusitado. Chaim dormiu no banheiro da escola
onde o fundador do Objetivo
estaria no dia seguinte.
O contrato com Di Genio
veio em 1976. Cerca de dez
anos depois, Chaim comprou
o COC.
Além de escolas, o empresário tem outra paixão declarada: o cantor Roberto Carlos. O "apreço" é tanto que
todo dia 19 de abril, aniversário do rei, Chaim dá uma festa e convida um sósia do cantor para animá-la.
"Tem música, só toca Roberto Carlos, tem bolo e parabéns. Ele [Roberto] sabe disso, encontro ele sempre, vou
aos shows", conta o fã, exibindo fotos suas ao lado do
ídolo em um iPad 2.
Aliás, fissurado também
em tecnologia, Chaim começa a distribuir um tablet para
cada um de seus milhares de
alunos a partir deste mês.
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