São Paulo, quinta-feira, 17 de junho de 2010

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Vendas do comércio caem 3% em abril

Queda, a maior desde 2000, início da série, confirma a tendência de freada no ritmo de expansão da economia

Inflação de alimentos reduziu vendas dos supermercados, setor que mais contribuiu para a retração recorde

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Sob impacto da alta dos preços dos alimentos, as vendas do comércio varejista interromperam uma sequência de três meses em expansão e registraram queda recorde de 3% em abril ante março, sem influências sazonais.
Trata-se do maior tombo da série histórica do IBGE, iniciada em 2000.
A queda confirma tendência de freada no ritmo de expansão da economia, apontada por outros indicadores de abril e maio, como as quedas na produção industrial, no licenciamento de veículos e no consumo de energia.
Em abril, as vendas do varejo caíram principalmente na esteira da disparada dos preços dos alimentos -já dissipada em maio.
Os aumentos, segundo o IBGE, provocaram a retração de 0,7% de março para abril nas vendas de supermercados e demais lojas de alimentos e bebidas -ramo de maior peso no varejo.
Para o economista do IBGE Reinaldo Pereira, a queda de abril foi "pontual" e refletiu a acomodação do varejo após o ritmo acelerado de expansão do primeiro trimestre.
Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), afirma que os três primeiros meses do ano marcaram o período de pico das vendas e a desaceleração já era esperada.
O economista diz, porém, que o crédito se mantém firme, e o mercado de trabalho, aquecido, fatores que sustentarão um crescimento na faixa de 10% das vendas do varejo neste ano. Nem a alta dos juros, afirma, impedirá o bom desempenho do setor.
Uma prova, diz, é que o varejo sustenta taxas elevadas de expansão na comparação com 2009 -quando driblou a crise e cresceu 5,9%. No ano, o setor acumula alta de 12%.
Para a consultoria LCA, a alta dos juros afetará significativamente o comércio apenas em 2011. Por isso, mantiveram a projeção de crescimento de 8,5% nas vendas do setor neste ano.
Segundo a LCA, o ramo de móveis e eletrodomésticos, cujas vendas ficaram estáveis de março para abril, surpreendeu ao não sentir os reflexos do fim da redução de IPI para a linha branca (fogão, geladeira e outros).
Tal impacto foi sentido, porém, nas vendas de veículos, que caíram 11,7% de março para abril com o fim do benefício fiscal. O setor não integra o índice de vendas no varejo, pois comercializa também no atacado.


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