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Vendas do comércio caem 3% em abril
Queda, a maior desde 2000, início da série, confirma a tendência de freada no ritmo de expansão da economia
Inflação de alimentos reduziu vendas dos supermercados, setor que mais contribuiu para a retração recorde
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Sob impacto da alta dos
preços dos alimentos, as vendas do comércio varejista interromperam uma sequência
de três meses em expansão e
registraram queda recorde
de 3% em abril ante março,
sem influências sazonais.
Trata-se do maior tombo
da série histórica do IBGE,
iniciada em 2000.
A queda confirma tendência de freada no ritmo de expansão da economia, apontada por outros indicadores
de abril e maio, como as quedas na produção industrial,
no licenciamento de veículos
e no consumo de energia.
Em abril, as vendas do varejo caíram principalmente
na esteira da disparada dos
preços dos alimentos -já
dissipada em maio.
Os aumentos, segundo o
IBGE, provocaram a retração
de 0,7% de março para abril
nas vendas de supermercados e demais lojas de alimentos e bebidas -ramo de
maior peso no varejo.
Para o economista do IBGE
Reinaldo Pereira, a queda de
abril foi "pontual" e refletiu a
acomodação do varejo após
o ritmo acelerado de expansão do primeiro trimestre.
Carlos Thadeu de Freitas,
economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), afirma que os três primeiros meses do ano marcaram o período de pico das
vendas e a desaceleração já
era esperada.
O economista diz, porém,
que o crédito se mantém firme, e o mercado de trabalho,
aquecido, fatores que sustentarão um crescimento na faixa de 10% das vendas do varejo neste ano. Nem a alta dos
juros, afirma, impedirá o
bom desempenho do setor.
Uma prova, diz, é que o varejo sustenta taxas elevadas
de expansão na comparação
com 2009 -quando driblou a
crise e cresceu 5,9%. No ano,
o setor acumula alta de 12%.
Para a consultoria LCA, a
alta dos juros afetará significativamente o comércio apenas em 2011. Por isso, mantiveram a projeção de crescimento de 8,5% nas vendas
do setor neste ano.
Segundo a LCA, o ramo de
móveis e eletrodomésticos,
cujas vendas ficaram estáveis de março para abril, surpreendeu ao não sentir os reflexos do fim da redução de
IPI para a linha branca (fogão, geladeira e outros).
Tal impacto foi sentido,
porém, nas vendas de veículos, que caíram 11,7% de
março para abril com o fim
do benefício fiscal. O setor
não integra o índice de vendas no varejo, pois comercializa também no atacado.
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