São Paulo, quinta-feira, 17 de junho de 2010

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ANÁLISE

Comércio se acomoda, mas deve se expandir neste ano

ALEXANDRE ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA

A queda observada no índice geral da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE em abril pode ser interpretada mais como um movimento de acomodação do que como uma reversão da trajetória de alta do indicador.
Os principais condicionantes da demanda, a saber, a massa salarial, o crédito e a confiança do consumidor, continuaram a apresentar evolução favorável.
Destaca-se que as condições de crédito devem piorar com mais força a partir do segundo semestre, devido à elevação da taxa básica de juros da economia pelo Banco Central. Isto vai enfraquecer a demanda das famílias por crédito e afetar, principalmente, a venda de bens duráveis.
De todo modo, o mercado de trabalho deve continuar em trajetória positiva nos próximos meses, o que indica que não deve ocorrer queda na demanda por bens não duráveis.
Até abril, segundo o BC, as condições de crédito mostraram-se ainda relativamente favoráveis aos consumidores. As taxas médias de juros ficaram estáveis em relação às praticadas em março pelas instituições financeiras.
No médio prazo, essa trajetória de queda dos últimos meses deve se reverter, dado que não só as taxas de captação devem subir mais como também o "spread" bancário. De todo modo, as condições dos financiamentos devem seguir relativamente favoráveis no curto prazo.
Já as variáveis do mercado de trabalho devem apresentar evolução positiva nos próximos meses. Tanto os índices de ocupação quanto de renda devem crescer, em virtude do aquecimento da atividade e de ganhos de produtividade na economia. Além disso, a massa salarial nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil deve aumentar 6,3% neste ano frente ao resultado do ano passado.
Em suma, a julgar pela atual trajetória dos condicionantes das vendas no varejo, o índice geral da Pesquisa Mensal do Comércio deve voltar a mostrar altas nos próximos meses, embora com menor ímpeto do que no primeiro trimestre.
Em comparação a 2009, o índice deve registrar alta de 10,3% neste ano.

ALEXANDRE ANDRADE é analista da Tendências Consultoria Integrada


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