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Rede de roupas fashion vive polêmica
A American Apparel, presente em 20 países, enfrenta dívidas e acusações de escolher vendedores por fotos
Fundador da empresa diz que negócio "é uma arte" e que a seleção de pessoal é como a feita para filmes ou galerias
FERNANDA EZABELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES
No turístico bairro de
Hollywood, em Los Angeles,
um rapaz de shorts, sapatos
sociais e gravata-borboleta
trabalhava na loja American
Apparel, famosa pelas roupas básicas e monocromáticas e pelos anúncios com
mulheres seminuas.
Alto, olhos azuis e rosto
coberto de espinhas, o vendedor faz parte de um time de
mais de 10 mil funcionários
da empresa californiana, dona da maior fábrica de vestuário dos EUA e de quase
300 lojas em 20 países -incluindo uma na rua Oscar
Freire, em São Paulo.
O visual do garoto é parte
essencial da filosofia American Apparel. Na semana passada, vazaram documentos
mostrando o rígido processo
de seleção de vendedores,
baseado em fotos de corpo
inteiro e num manual que detalha como aparar sobrancelhas ou se maquiar.
De acordo com o site nova-iorquino Gawker, o excêntrico fundador da marca, o canadense Dov Charney, contrata ou demite de acordo
com essas fotos.
"Não somos o Walmart. Se
você tivesse uma butique em
São Paulo, não ia querer as
melhores pessoas trabalhando lá?", perguntou Charney à
repórter.
""Temos travestis, pessoas
sem um braço, sem uma perna, de todas as cores, tamanhos. Queremos pessoas interessantes, intrigantes",
disse. "É um trabalho de seleção, como acontece para filmes ou para trabalhar num
bar, galeria, hotel. É arte."
Esse é apenas mais um
problema na lista de Charney, que corre o risco de perder o controle da empresa,
fundada em 1989 e que já
chegou a ter receita de
US$ 210 milhões em 2005.
As ações perderam mais
da metade do valor após prejuízos registrados no primeiro trimestre, depois que
1.800 funcionários foram
obrigados a deixar a fábrica
por causa de uma investigação sobre imigrantes ilegais.
Agora, a American Apparel negocia sua principal dívida com uma empresa britânica, que emprestou US$ 80
milhões em março de 2009.
"Somos uma empresa jovem, é normal [passar por isso]", disse Charney, que detém um pouco mais da metade das ações. "As pessoas estão exagerando o problema.
Não podem ver uma companhia ser popular e famosa,
querem atirar pedras."
A American Apparel ficou
famosa nos anos 2000, quando expandiu fábrica e lojas e
virou queridinha das celebridades e revistas de moda,
vendendo camisetas sem estampas por R$ 80, leggings
brilhantes e underwear.
No Brasil, a rede abriu
uma loja em 2008. Charney
afirmou que, apesar do início
difícil, as vendas em São
Paulo vão bem, com uma alta
de 40% em relação a 2009.
"Gosto muito do Brasil, tenho parentes lá", disse ele,
cuja família judia do avô fugiu da Síria na 2ª Guerra para
o Canadá e o Brasil.
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