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Fim da moratória argentina não devolve credibilidade ao governo
Acordo destrava financiamento externo para o setor privado
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
Apesar de destravar o financiamento externo para o
setor privado, o fim definitivo da moratória argentina,
anunciado anteontem pelo
governo de Cristina Kirchner,
não devolve a credibilidade
para o governo nem a liquidez para os títulos do país, dizem economistas.
O motivo principal da desconfiança do mercado, segundo o economista Fausto
Spotorno, é o Indec [IBGE local], acusado de manipular
índices como a inflação.
A moratória foi anunciada
em 2002, em meio ao caos social e financeiro, que congelou o fluxo de capitais no país
ao longo da última década.
Conforme Cristina, o Clube
de Paris aceitou a proposta
de seu governo e retomou as
negociações para quitar
US$ 7,7 bilhões pendentes
sem intermediações nem auditorias do FMI (Fundo Monetário Internacional). Cristina deve usar reservas do banco central para amortizar o
valor em três anos.
O anúncio de Cristina é o
último grande passo da política de desendividamento
iniciada ainda no governo de
seu marido e antecessor,
Néstor Kirchner (2003-2007),
que morreu há três semanas.
Desde o desastre financeiro, a dívida pública argentina
caiu, em termos relativos, de
141% do PIB para 46%. Porém, o valor absoluto cresceu
de US$ 144 bilhões para
US$ 156 bilhões.
Para Mariano Lamothe, da
consultoria Abeceb, a resistência em aceitar o FMI nas
tratativas com o Clube de Paris e a demora para abrir uma
segunda rodada para a troca
de títulos fizeram o país "patinar" e adiar algo inevitável.
Spotorno também critica
as "imposições" e a falta de
flexibilidade dos Kirchner.
O único efeito imediato do
acordo será a volta da oferta
de crédito por parte de agências internacionais, que não
podiam emprestar ao setor
privado no país.
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