São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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Fim da moratória argentina não devolve credibilidade ao governo

Acordo destrava financiamento externo para o setor privado

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

Apesar de destravar o financiamento externo para o setor privado, o fim definitivo da moratória argentina, anunciado anteontem pelo governo de Cristina Kirchner, não devolve a credibilidade para o governo nem a liquidez para os títulos do país, dizem economistas.
O motivo principal da desconfiança do mercado, segundo o economista Fausto Spotorno, é o Indec [IBGE local], acusado de manipular índices como a inflação.
A moratória foi anunciada em 2002, em meio ao caos social e financeiro, que congelou o fluxo de capitais no país ao longo da última década.
Conforme Cristina, o Clube de Paris aceitou a proposta de seu governo e retomou as negociações para quitar US$ 7,7 bilhões pendentes sem intermediações nem auditorias do FMI (Fundo Monetário Internacional). Cristina deve usar reservas do banco central para amortizar o valor em três anos.
O anúncio de Cristina é o último grande passo da política de desendividamento iniciada ainda no governo de seu marido e antecessor, Néstor Kirchner (2003-2007), que morreu há três semanas.
Desde o desastre financeiro, a dívida pública argentina caiu, em termos relativos, de 141% do PIB para 46%. Porém, o valor absoluto cresceu de US$ 144 bilhões para US$ 156 bilhões.
Para Mariano Lamothe, da consultoria Abeceb, a resistência em aceitar o FMI nas tratativas com o Clube de Paris e a demora para abrir uma segunda rodada para a troca de títulos fizeram o país "patinar" e adiar algo inevitável.
Spotorno também critica as "imposições" e a falta de flexibilidade dos Kirchner.
O único efeito imediato do acordo será a volta da oferta de crédito por parte de agências internacionais, que não podiam emprestar ao setor privado no país.


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