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Ministério admite perda de competitividade da indústria
Documento interno do Ministério da Indústria critica equipe econômica
Órgão critica falta de medidas que possam compensar a forte valorização da moeda e a alta carga tributária
DE BRASÍLIA
A economia brasileira já
apresenta indícios de desindustrialização em consequência da valorização do
real nos últimos anos. Essa é
a conclusão de um documento interno do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
O texto, divulgado pelo
jornal "Valor Econômico" e
obtido pela Folha, defende
posições dos exportadores e
faz duras críticas à equipe
econômica do governo.
Sem citar o Ministério da
Fazenda, o MDIC destaca a
"falta de medidas compensatórias que levassem à maior
competitividade da produção". Um exemplo dado para
as medidas possíveis era a
desoneração tributária, responsabilidade da Fazenda.
Elaborado em agosto deste
ano, o documento estabelece
uma relação entre a perda de
competitividade da indústria
tanto no mercado interno
quanto externo e a valorização da moeda brasileira.
O MDIC explica que a produção industrial doméstica
não acompanhou a demanda nacional. O alerta é contrário ao que Welber Barral,
secretário de Comércio Exterior, vem defendendo. O alerta diz que o aumento das importações supre a necessidade de insumos da indústria.
"Existe a possibilidade de
passarmos a presenciar deficit estruturais na balança comercial brasileira", conclui o
documento, classificado como "reservado" na primeira
página.
Para o MDIC, a solução para o risco de desindustrialização passa pelo aumento das
exportações. O ministério se
diz contrário a medidas que
limitem as importações, mais
uma discordância com o Ministério da Fazenda.
Outro alerta relacionado à
desindustrialização é o aumento da participação das
commodities na pauta de exportações, com redução do
peso dos itens industriais.
O MDIC calcula ainda que
o aumento das vendas externas e do saldo comercial contribuiria para a redução da
necessidade de financiamento do exterior. O saldo comercial dos seis primeiros meses
deste ano teria que ser de
US$ 19,5 bilhões para cobrir o
rombo nas contas externas.
Mas o saldo comercial foi de
US$ 7,9 bilhões.
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