São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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Ministério admite perda de competitividade da indústria

Documento interno do Ministério da Indústria critica equipe econômica

Órgão critica falta de medidas que possam compensar a forte valorização da moeda e a alta carga tributária

DE BRASÍLIA

A economia brasileira já apresenta indícios de desindustrialização em consequência da valorização do real nos últimos anos. Essa é a conclusão de um documento interno do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
O texto, divulgado pelo jornal "Valor Econômico" e obtido pela Folha, defende posições dos exportadores e faz duras críticas à equipe econômica do governo.
Sem citar o Ministério da Fazenda, o MDIC destaca a "falta de medidas compensatórias que levassem à maior competitividade da produção". Um exemplo dado para as medidas possíveis era a desoneração tributária, responsabilidade da Fazenda.
Elaborado em agosto deste ano, o documento estabelece uma relação entre a perda de competitividade da indústria tanto no mercado interno quanto externo e a valorização da moeda brasileira.
O MDIC explica que a produção industrial doméstica não acompanhou a demanda nacional. O alerta é contrário ao que Welber Barral, secretário de Comércio Exterior, vem defendendo. O alerta diz que o aumento das importações supre a necessidade de insumos da indústria.
"Existe a possibilidade de passarmos a presenciar deficit estruturais na balança comercial brasileira", conclui o documento, classificado como "reservado" na primeira página.
Para o MDIC, a solução para o risco de desindustrialização passa pelo aumento das exportações. O ministério se diz contrário a medidas que limitem as importações, mais uma discordância com o Ministério da Fazenda.
Outro alerta relacionado à desindustrialização é o aumento da participação das commodities na pauta de exportações, com redução do peso dos itens industriais.
O MDIC calcula ainda que o aumento das vendas externas e do saldo comercial contribuiria para a redução da necessidade de financiamento do exterior. O saldo comercial dos seis primeiros meses deste ano teria que ser de US$ 19,5 bilhões para cobrir o rombo nas contas externas. Mas o saldo comercial foi de US$ 7,9 bilhões.


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