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Beatles chegam à loja virtual da Apple, mas não ao Brasil
Consumidor não tem acesso no país a música e filmes em site da companhia
Especialistas dizem que
burocracia e tributos
inibem atuação da
companhia no Brasil;
Apple não se manifesta
FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES
A Apple fez ontem um dos
anúncios mais aguardados
da indústria musical dos últimos anos: finalmente o catálogo dos Beatles chegou à
sua loja virtual, a iTunes.
Treze discos de estúdio remasterizados dos Beatles estão agora à venda no formato
álbum (US$ 12,99, cerca de
R$ 22) ou em canções individuais (US$ 1,29) no iTunes.
Mas, enquanto a notícia
tomava conta da internet, o
site brasileiro da Apple ignorava John, Paul, George e
Ringo. Isso porque a novidade é mais uma da empresa a
qual o Brasil não terá acesso.
A loja virtual da Apple,
que funciona como uma alma da linha de produtos iPod
e iPhone, vendendo música,
seriados, filmes e aplicativos
on-line, não funciona no Brasil, apesar de estar em outros
23 países.
O mais recente produto da
Apple lançado com estardalhaço, o iPad, também passou longe das mãos dos brasileiros, ainda que países da
região já tenham o tablet (Argentina, México, Chile, Colômbia, Equador e Peru).
Há uma App Store (loja virtual de aplicativos) brasileira, mas o conteúdo é pequeno. A Apple culpa os desenvolvedores, que são quem escolhem para quais países
querem vender seus programas, e a classificação etária
exigida pelo governo, que fez
a empresa desistir de liberar
jogos no país.
"O Brasil não está no topo
das prioridades da Apple,
mas já foi muito menor", diz
o editor-chefe do site MacMagazine, Rafael Fischmann.
"O escritório da Apple no
país cresceu bastante nos últimos anos. Mas, na visão da
Apple, o Brasil tem burocracia demais. E taxas absurdas
de importação."
A Apple, que abriu seu escritório no Brasil em 1995,
não informa quando o iPad
aportará no país, mas se especula que uma versão Wi-Fi, mais barata que a 3G, chegará até o final do ano. A versão 3G nem sequer foi homologada pela Anatel.
CELULARES
A situação se repete com
os celulares. O último modelo, iPhone 4G, que possibilita
chamadas por vídeo, vendeu
no mundo 1,7 milhão de unidades em três dias. No Brasil,
apenas 70 mil foram enviados, segundo um dos diretores da operadora Oi.
A Apple não dá entrevistas
nem libera sua assessoria local para comentários.
Índia e China também não
possuem iTunes, loja que
concentra 90% da venda de
música vendida pela internet. A China, no entanto, tem
uma loja física própria, enquanto os brasileiros contam
com lojas franqueadas e uma
virtual para produtos físicos.
Uma das questões que dificultariam a vinda do iTunes
são os contratos de direitos
autorais. Porém a Folha apurou que esse assunto já foi resolvido e que havia um novo
empecilho sobre Imposto de
Importação, com o qual a Apple não concorda.
Mesmo conteúdos gratuitos no iTunes ou na App Store não estão disponíveis para
brasileiros. É preciso ter um
cartão de crédito internacional ou "gift cards" comprados no exterior.
"É um desperdício a ausência da iTunes Store. Até
porque quem quer comprar
utiliza os "gift cards". E há um
grande comércio [paralelo]
desse item em nosso país",
diz João Marcello Bôscoli, dono da gravadora Trama.
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