São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010

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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS

O etanol brasileiro e o protecionismo americano


O CONGRESSO DOS EUA MANTEVE O ULTRAPASSADO SISTEMA DE SUBSÍDIO E ALTAS BARREIRAS TARIFÁRIAS, QUE ATRASAM A EVOLUÇÃO DE UMA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO


JOSÉ CARLOS GRUBISICH
ESPECIAL PARA A FOLHA

A relevância conquistada pelo setor de bioenergia nos últimos anos é indiscutível.
O sucesso do carro flex, que motiva a escolha dos consumidores por um combustível mais limpo e competitivo, e a preocupação pela sustentabilidade, são realidades que elevam o etanol da cana como alternativa viável para a diversificação da matriz energética mundial.
O setor viveu um crescimento acelerado nos últimos anos. Entre 2006 e 2010, o consumo no Brasil passou de 12 bilhões para 26 bilhões de litros. A tendência é que esse ritmo seja mantido, superando os 50 bilhões de litros por ano ao final de 2015.
Além de aumentar sua capacidade de produção, a indústria nacional fortaleceu seu compromisso com a sustentabilidade. Foram implantados programas consistentes de redução do consumo de água, valorizados os resíduos agrícolas e industriais e eliminada a queimada da cana.
Houve mecanização completa do plantio e da colheita da cana e significativas melhorias nas condições de trabalho.
Ao mesmo tempo em que o Brasil e outros importantes países assinaram, na COP-16, compromissos para a consolidação de uma matriz energética limpa, o Congresso norte-americano decidiu manter o ultrapassado sistema de subsídio e altas barreiras tarifárias, que atrasam a evolução de uma economia de baixo carbono.
Por pelo menos mais um ano, um dos principais mercados consumidores manterá a alta tarifa de US$ 0,54 por galão (3,78 litros) sobre o etanol importado.
Além disso, mais de US$ 6 bilhões anuais serão direcionados para subsídios que protegem a indústria americana do etanol de milho. Diferente do derivado de milho, o etanol de cana é reconhecido pela EPA (Agência de Proteção Ambiental Americana) como combustível avançado, capaz de reduzir as emissões de CO2 em mais de 61% quando comparado à gasolina.
O Brasil trabalha intensamente na consolidação do etanol da cana como commodity internacional. O país tem experiência e tecnologia para aumentar a capacidade de suas unidades agroindustriais e construir novas plataformas de desenvolvimento em outros países.
Essas ações vão garantir segurança na oferta de etanol no médio e longo prazo.
Vivemos em um mundo onde as decisões estratégicas devem ultrapassar os interesses comerciais e políticos de curto prazo.
É inadiável que os países se comprometam com essa nova atitude para que exista um mercado justo, verdadeiramente globalizado, competitivo e, acima de tudo, sustentável.

JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia.


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