São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011

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ANÁLISE ENERGIA

Alta no preço do petróleo amplia espaço para maior uso da biomassa e do etanol

JOSÉ CARLOS GRUBISICH
ESPECIAL PARA A FOLHA

O futuro do setor de bioenergia brasileiro é bastante promissor. Além da maior demanda potencial de etanol no Brasil, o biocombustível da cana também está no centro dos interesses externos pela busca de fontes mais limpas, renováveis e competitivas.
Só para o mercado interno há um potencial de consumo de até 60 bilhões de litros de etanol por ano até o fim desta década.
A tendência recente de reaquecimento dos preços do petróleo e a perspectiva de declínio das fontes fósseis, aliada ao estabelecimento de metas ambiciosas de redução das emissões de CO2, abrem um cenário extremamente atraente para a maior utilização da biomassa e do etanol.
É o caso do uso da cana como alternativa na fabricação de produtos químicos e petroquímicos, como solventes, intermediários químicos e resinas plásticas, como o plástico verde.
A implantação de projetos químicos no Brasil usando o etanol como matéria-prima ocorreu na década de 50, quase 40 anos à frente da indústria petroquímica.
A Rhodia, por exemplo, introduziu o uso do etanol em sua cadeia produtiva nos anos 40.
Já com o Proálcool, nas décadas de 70 e 80, a nova estrutura de competitividade do etanol permitiu que projetos fossem viabilizados, mas a atratividade do programa sofreu desaceleração no período em que o petróleo voltou a ter preços muito baixos.
Mais recentemente, a retomada dos preços do petróleo registrada a partir de 2004 e a crescente preocupação com a questão ambiental tornaram o negócio estratégico novamente.
Programas na União Europeia e nos EUA abrem cada vez mais espaço para o etanol e a biomassa da cana como fontes de matérias-primas.
No Brasil não é diferente. A Braskem decidiu, desde 2005, investir no desenvolvimento de produtos a partir de matéria-prima renovável e, em 2010, lançou o polímero verde.
Empresas de biotecnologia como a Amyris e a Solazyme executam arrojados programas de desenvolvimento de novas tecnologias de fermentação para produtos de alto valor agregado que atualmente têm origem fóssil.
O volume de etanol destinado para fins industriais -que hoje representa 5% da produção- deve saltar para 10% ou 15% nos próximos dez anos.
Isso exige ainda mais investimentos no aumento da capacidade produtiva, aprimoramento da gestão de todos os envolvidos e iniciativas para que o Brasil possa suprir as demandas da indústria química mundial.

JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia.


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