São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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PanAmericano seca captação de bancos

Escândalo contábil eleva juros para concorrentes, motiva suspensão de emissões e emperra a venda de financiamentos

BIC Banco e Banco BVA suspendem busca de recursos no mercado após a investigação de fraude em banco

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

O escândalo contábil do banco PanAmericano, que foi socorrido com empréstimo de emergência de R$ 2,5 bilhões, praticamente secou a captação de recursos dos bancos de pequeno porte.
Só o banco PanAmericano perdeu mais de R$ 500 milhões em CDBs, que foram resgatados antecipadamente pelos investidores. A sangria, porém, melhorou na última quarta e estaria controlada, segundo o banco.
O movimento afetou também outros bancos, que tiveram de subir as taxas dos CDBs para conseguir dinheiro emprestado no mercado.
A investigação de fraude também secou a comercialização de carteiras de empréstimos entre os bancos. Desde a semana passada, nenhuma instituição vendeu carteira de financiamento para outra.
Além de um aperto na fiscalização, os bancos aguardam novas regras para transação de carteiras de crédito.
Por conta do PanAmericano, o BIC Banco decidiu suspender, por 60 dias, a venda de R$ 200 milhões em novos títulos de dívida no mercado interno, que seriam emitidos pela empresa de leasing.
Esses papéis financiam o aluguel de máquinas e de veículos para empresas clientes do BIC Banco.
As taxas oferecidas pelos investidores estariam incompatíveis com as pagas pelo banco nos últimos meses.
Segundo o BIC, os recursos obtidos permitiriam a renovação de uma linha de financiamento vencida em julho.
Além do BIC, o banco BVA também preferiu esperar momento melhor para captar.
Devido à instabilidade nos mercados, o Bradesco também adiou uma emissão de R$ 500 milhões em dívida no mercado internacional.
Segundo Paulo Cesar Sousa, diretor comercial do Société Générale, o caso do Bradesco não está relacionado diretamente ao PanAmericano, mas à crise na Europa.
"O mercado derreteu e o Bradesco não conseguiu as taxas que queria", disse.
Para Sousa, os investidores estão preocupados com possíveis desdobramentos do escândalo do PanAmericano, o que elevou as taxas para bancos do mesmo porte.
No exterior, a investigação de fraude no PanAmericano tem pressionado os juros das empresas brasileiras. Desde o dia 8, antes do escândalo, os juros médios desses papéis saltaram de 5,72% para 6,31% ao ano -alta de 0,38 ponto, segundo o JPMorgan.
O rendimento dos títulos do Panamericano com vencimento em 2020 saltou de 7,4% para 10,1% desde o socorro do banco.


Com a Bloomberg


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