|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Capitalização com petróleo a US$ 10 só sai com ação barata
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Quanto mais o governo
pressiona o mercado -e a
própria Petrobras- a "engolir" um preço alto pelo petróleo na capitalização, mais ele
derruba as ações na Bolsa.
Com o petróleo a US$ 10 o
barril, os minoritários precisariam de US$ 106 bilhões
para não serem diluídos e o
aumento de capital superaria
os US$ 85,7 bilhões autorizados pela assembleia; precisaria fazer tudo de novo.
O resultado é que sobrarão
ações para o governo elevar
sua participação e mais um
bloco para novos entrantes.
Só que não há possibilidade de a operação sair sem
apoio dos minoritários -no
caso, os maiores fundos de
investimento e de pensão nacionais e estrangeiros.
São eles que colocarão dinheiro vivo na empresa -o
governo entra com títulos
que representam o petróleo
que hoje está no pré-sal.
O governo contratou praticamente todos os bancos e
corretoras para atuarem como "distribuidores" das
ações, além de renomados
advogados e consultores.
Mas terá também de aceitar vender os novos papéis
por um preço muito baixo.
A capitalização funciona
como um sistema de leilão;
para ter comprador, as novas
ações terão de sair com um
preço menor do que o investidor compraria na Bolsa.
"Para atingir uma estratégia de aumentar a participação na Petrobras, o governo
está desvalorizando a empresa. Se for confirmado que a
Petrobras vai fazer a capitalização com o barril a US$ 10,
as ações vão cair mais ainda", disse Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).
Analistas falam que as
ações ordinárias (com voto)
da Petrobras podem descer
para a casa de R$ 25. Ontem,
fecharam a R$ 30,30, após
cair 4,6% na semana.
"Para a Petrobras fazer essa operação, vai ter de dar
muito lucro para todo mundo. Todas as corretoras e
bancos vão ganhar com a
operação. Por que ninguém
quer falar mal da Petrobras?
Porque está todo mundo com
o rabo preso, querendo ganhar o dinheiro na operação
ou a custo do BNDES, do BB e
da Caixa Econômica", disse
Fernando Leitão, gestor de
recursos independente.
Texto Anterior: União pressiona por óleo mais valorizado Próximo Texto: Crítica/Carreira: Manual destaca persistência para entrar em uma Redação Índice
|