São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Capitalização com petróleo a US$ 10 só sai com ação barata

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Quanto mais o governo pressiona o mercado -e a própria Petrobras- a "engolir" um preço alto pelo petróleo na capitalização, mais ele derruba as ações na Bolsa.
Com o petróleo a US$ 10 o barril, os minoritários precisariam de US$ 106 bilhões para não serem diluídos e o aumento de capital superaria os US$ 85,7 bilhões autorizados pela assembleia; precisaria fazer tudo de novo.
O resultado é que sobrarão ações para o governo elevar sua participação e mais um bloco para novos entrantes.
Só que não há possibilidade de a operação sair sem apoio dos minoritários -no caso, os maiores fundos de investimento e de pensão nacionais e estrangeiros.
São eles que colocarão dinheiro vivo na empresa -o governo entra com títulos que representam o petróleo que hoje está no pré-sal.
O governo contratou praticamente todos os bancos e corretoras para atuarem como "distribuidores" das ações, além de renomados advogados e consultores.
Mas terá também de aceitar vender os novos papéis por um preço muito baixo.
A capitalização funciona como um sistema de leilão; para ter comprador, as novas ações terão de sair com um preço menor do que o investidor compraria na Bolsa.
"Para atingir uma estratégia de aumentar a participação na Petrobras, o governo está desvalorizando a empresa. Se for confirmado que a Petrobras vai fazer a capitalização com o barril a US$ 10, as ações vão cair mais ainda", disse Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).
Analistas falam que as ações ordinárias (com voto) da Petrobras podem descer para a casa de R$ 25. Ontem, fecharam a R$ 30,30, após cair 4,6% na semana.
"Para a Petrobras fazer essa operação, vai ter de dar muito lucro para todo mundo. Todas as corretoras e bancos vão ganhar com a operação. Por que ninguém quer falar mal da Petrobras? Porque está todo mundo com o rabo preso, querendo ganhar o dinheiro na operação ou a custo do BNDES, do BB e da Caixa Econômica", disse Fernando Leitão, gestor de recursos independente.


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