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União pressiona por óleo mais valorizado
Há divergência com a Petrobras na avaliação do valor das reservas que o governo usará na capitalização
Governo quer valor alto para ter mais ações; estatal prefere preço menor para atrair o investidor minoritário
VALDO CRUZ
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA
O governo pressiona a Petrobras a aceitar um preço
mais alto na avaliação do valor dos barris de petróleo que
a União irá usar no processo
de capitalização da estatal.
Segundo relato à Folha de
um assessor com acesso às
negociações, há uma "diferença entre as propostas", e a
Petrobras está fazendo um
"esforço para jogar o preço
para o mais baixo possível".
Esse assessor disse, porém, que a Petrobras terá de
rever sua posição e já começou a se convencer disso na
última quinta, quando houve
uma reunião entre o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, e os ministros
Erenice Guerra (Casa Civil) e
Guido Mantega (Fazenda).
Nessa reunião, Petrobras e
ANP (Agência Nacional do
Petróleo) apresentaram, pela
primeira vez, dados preliminares dos laudos de avaliação do valor dos 5 bilhões de
barris de petróleo que a
União cederá à estatal como
sua parte na capitalização.
Os valores são mantidos
sob sigilo, mas o assessor
confirmou que as duas avaliações são divergentes, apesar de Mantega ter dito ontem, no Rio, que não há "discrepâncias" entre elas.
Segundo o ministro, a avaliação das reservas levará em
conta só critérios técnicos.
"Não se trata de um jogo,
quem vai ganhar, quem vai
perder, vou puxar um pouco
para a União, vou puxar um
pouco para a Petrobras. Estou nos dois lados, não posso
puxar para nenhum lado.
Tem que ser absolutamente
justo e tem que ser aquilo que
as análises técnicas definirem", disse ele, que é presidente do conselho de administração da estatal.
AVALIAÇÕES
Dados divulgados informalmente apontam que, na
avaliação contratada pela
ANP, teria ficado acima de
US$ 10 o valor do barril. A da
Petrobras teria ficado mais
perto de US$ 6.
Reservadamente, o presidente Lula já disse não aceitar um valor entre US$ 5 e
US$ 6, faixa que foi especulada por analistas como o melhor cenário -porque daria
maior poder aos acionistas
minoritários para aderirem
ao processo de capitalização.
O governo gostaria que o
valor ficasse mais próximo
de US$ 10 para não só manter
sua participação no capital
da empresa -hoje de 32%-
como aumentá-la. Quanto
maior a avaliação, mais
ações o governo adquirirá.
Para a Petrobras, quanto
menor o preço, maior a atratividade para os minoritários, fazendo com que ela
capte mais recursos no mercado. Afinal, os barris da
União não representam dinheiro imediato no caixa.
Segundo apurou a Folha,
o governo estabeleceu que as
negociações devem ser feitas
dentro de uma faixa entre
US$ 7 e US$ 10 o barril.
Colaborou CIRILO JUNIOR, do Rio
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