São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2011

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Argentina quer Brasil na extração de lítio

Parceria deve abranger a industrialização do metal, usado em baterias de eletrônicos

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES

O governo da Argentina vai convidar empresas brasileiras para participar da extração e da industrialização do lítio, metal que é utilizado principalmente para a produção de baterias de aparelhos eletrônicos.
Segundo antecipou à Folha Rodolfo Tecchi, diretor da Agência de Promoção Científica e Tecnológica do governo, serão convidadas companhias brasileiras das áreas de mineração, energia, tecnologia e pesquisa científica. "A Argentina não tem empresas capazes de fazer essa extração e, mais importante, a industrialização do lítio", diz Tecchi.
Ele conta que o desafio é desenvolver a tecnologia de industrializar o metal e tentar encontrar novas formas de exploração.
O lítio é a matéria-prima utilizada em baterias de aparelhos eletrônicos, como celulares e notebooks, e para a produção de automóveis elétricos, o que tem despertado a atenção da indústria automobilística. O metal substitui o níquel nas baterias, tornando os produtos mais leves e ampliando o tempo útil de funcionamento.
O governo brasileiro tem interesse em promover essa parceria, segundo apurou a Folha. Atualmente, o país importa da China todas as suas baterias de lítio. E a produção do mineral no Brasil é ínfima, segundo o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), concentrando pouco mais de 1% da produção mundial.
Rodolfo Tecchi, que dirige a agência ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia argentino, diz que o Brasil tem empresas com tecnologia para ajudar a Argentina a melhorar o procedimento de extração, principalmente para amenizar eventuais danos ao ambiente.
A preocupação é extrair o metal usando a menor quantidade possível de água -o lítio é extraído das salinas.
A Argentina faz parte do chamado "triângulo do lítio", área que compreende ainda Chile e Bolívia. Estima-se que esse triângulo seja responsável por 83% das reservas mundiais.
As minas no país estão localizadas no norte e no noroeste, nas províncias de Jujuy, Salta, Catamarca, La Rioja e San Juan. A produção, iniciada há sete anos, está a cargo, principalmente, de empresas americanas e australianas.
Há pelo menos outros 12 projetos na fase de prospecção -nenhuma empresa brasileira participa.
Segundo dados da Agência de Promoção Científica e Tecnológica, a Argentina atualmente é o terceiro produtor mundial -atrás de Chile e Austrália-, com 25 mil toneladas por ano.
Rodolfo Tecchi diz que o país tem potencial para produzir, em 2020, metade das reservas mundiais, que podem chegar a 500 mil toneladas.


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