São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2010

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commodities

Consumo de álcool vai estacionar, diz setor

Segundo usineiros, desde a entrada dos carros flex no mercado será a primeira vez que as vendas não crescerão

Motivo apontado é a disparada de preço no início do ano, que fez o mercado perder 17,4% de janeiro a maio


CIRILO JUNIOR
DO RIO

Pela primeira vez desde a entrada dos carros flex no mercado, o consumo de álcool no Brasil ficará estagnado, segundo projeção da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que reúne os principais produtores.
De janeiro a maio deste ano, as vendas de álcool hidratado -que vai direto no tanque- caíram 17,4%.
Isso se deve à disparada nos preços no início do ano. Em alguns Estados, como o Rio de Janeiro, o litro chegou a superar os R$ 2.
Na comparação com a gasolina, abastecer com álcool nos dois primeiros meses de 2010 era desvantajoso em quase todos os Estados.
"A tendência é que o mercado fique do mesmo tamanho. A demanda, neste ano, será semelhante à observada em 2009", afirma Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica.
Depois de um longo período em baixa, as vendas de álcool começaram a disparar a partir de 2003, à medida que a frota de carros flex cresceu.
Naquele ano, o consumo era de 3,2 bilhões de litros. Desde então, cresceu 412% e chegou a 16,4 bilhões de litros no ano passado, de acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Atualmente, 40% da frota do país pode ser abastecida tanto por álcool quanto por gasolina.
O preço médio do litro do álcool, em todo o Brasil, chegou a R$ 1,983 em fevereiro. Foi o pico da cotação nos postos. Em junho, já era possível encontrar o combustível por R$ 1,537.
As chuvas no fim do ano passado e o aumento da frota de veículos encurtaram o espaço entre a demanda e a oferta, e fizeram os preços dispararem.
Dona de um Punto flex, a bancária Priscila Caldas passou a usar gasolina no início deste ano e só voltou ao álcool há cerca de 40 dias. O posto no qual costuma abastecer chegou a cobrar R$ 2,30 pelo litro do combustível.
"Meu carro tem desempenho melhor com álcool, mas, quando o preço sobe, opto pelo mais vantajoso", diz.
Analista da Agra FNP, Bruno Bosz estima um consumo igual ou um pouco maior, em comparação com 2009. O especialista projeta elevação nos próximos meses, em função da expectativa de preços mais estáveis.


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