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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS
Etanol requer atenção para não perder mercado dos EUA
ADRIANO PIRES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), estatal responsável pelo planejamento
energético do Brasil, divulgou, no dia 5 deste mês, um
estudo com possíveis cenários de exportação de etanol
para os Estados Unidos, considerando um choque de demanda do combustível renovável no mercado norte-americano.
Em fevereiro, a Agência de
Proteção Ambiental (EPA),
dos Estados Unidos, definiu
o etanol da cana-de-açúcar
como biocombustível avançado, pelo fato de reduzir em
61% as emissões de gases
causadores do efeito estufa
em relação aos combustíveis
derivados do petróleo, baseando-se no "Energy Independence and Security Act"
(Eisa), publicado em 2007.
De acordo com as metas
impostas pelo Eisa, os Estados Unidos necessitarão produzir 136,3 bilhões de litros
de combustível renovável em
2014, dos quais 14,2 bilhões
de litros corresponderão à
produção de biocombustíveis avançados.
Nesse contexto, os EUA
poderão diminuir as barreiras à importação do etanol de
cana-de-açúcar brasileiro.
Entretanto, nos três cenários hipotéticos da EPE sobre
a abertura do mercado americano de etanol, o Brasil não
conseguiria suprir a demanda dos Estados Unidos em
2014, mesmo no cenário mais
pessimista.
Nos próximos cinco anos
entrarão em operação no
Brasil 51 usinas para a produção de etanol, sendo que seriam necessárias pelo menos
86 novas usinas, cada uma
com capacidade de produção
média de 280 mil litros, para
atender à maior demanda
dos Estados Unidos.
Desde o anúncio da descoberta da camada pré-sal, o
governo brasileiro parece
não estar prestando a devida
atenção ao setor de etanol.
O anúncio da construção
de cinco refinarias pela Petrobras para processar o petróleo do pré-sal ameaça o
etanol, pois a promessa do
governo, de que os derivados
produzidos serão exportados, pode não ser cumprida.
O mercado mundial de derivados apresenta sazonalidades no consumo e volatilidade de preços, e há sempre
o risco de essas refinarias
passarem por momentos de
ociosidade.
Nessa situação, pode ser
mais interessante para a estatal inundar o mercado interno com derivados a preços
artificialmente baixos, trazendo enormes prejuízos aos
investidores de etanol.
O pré-sal é uma boa notícia. Porém, é preciso continuar a ter atenção com o etanol. Caso contrário, o etanol
brasileiro pode perder para
países produtores da América Central uma excelente
oportunidade para entrar no
enorme mercado norte-americano.
ADRIANO PIRES é diretor do CBIE (Centro
Brasileiro de Infraestrutura).
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