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Petrobras capta R$ 120,4 bi com ações
Capitalização é a maior já feita no mundo e torna a estatal a segunda maior companhia em valor de mercado
Adesão foi tão alta que há dúvidas se a União conseguiu ampliar de 34% para 50% sua participação na estatal
Bruno Domingues - 21.ago.08/Reuters
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Plataforma P-51 da Petrobras em Angra dos Reis (sul fluminense); capitalização vai levantar recursos para o pré-sal
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Pouco mais de um ano depois do anúncio, a Petrobras
levantou ontem R$ 120,36 bilhões (US$ 70 bilhões) na
maior venda de ações já feita
no mercado de capitais. O
montante equivale a 4,2% do
PIB brasileiro em 2009
Desse total, até R$ 74,8 bilhões virão do governo na
forma de barris de petróleo.
Dinheiro assegurado até agora são R$ 45,6 bilhões.
Mesmo assim, supera as
da japonesa NTT (US$ 36,8
bilhões) e do chinês AgBank
(US$ 22,1 bilhões).
A dez dias da eleição presidencial, a capitalização marca uma nova fase da Petrobras, agora com maior participação do governo.
Com valor de mercado alçado para US$ 270 bilhões, a
engenharia financeira transforma a estatal brasileira na
segunda maior empresa do
mundo, atrás apenas da
americana ExxonMobil.
Apesar de críticas e rumores contrários, a adesão dos
maiores fundos de investimento do mundo à oferta de
ações teria superado mais de
uma vez e meia a demanda.
Na semana passada, esses
fundos falavam que poderiam não entrar na oferta por
conta de riscos da operação
no pré-sal, da diluição dos lucros com mais acionistas e do
desrespeito aos minoritários.
Aos fundos interessava
derrubar ao máximo o preço
dos papéis na Bolsa para formar um valor menor na oferta de ações. As novas ações
saíram a R$ 29,65 (ON) e a
R$ 26,30 (PN), com desconto
em relação ao preço de ontem na Bolsa. Os papéis ON
terminaram ontem a R$ 30,25
(alta de 1,92%), e os PN, a
R$ 26,80 (3,16%).
Neste ano, as ações caíram
cerca de 20%. O preço na
oferta é fixado com base na
demanda dos grandes investidores, que pedem um "desconto" para não comprar os
papéis na Bolsa.
Também surpreendeu a
entrada de pequenos investidores do varejo, incluindo os
que puderam utilizar recursos do FGTS (só podia quem
entrou em 2000). Os coordenadores acreditam que 400
mil pessoas possam ter participado da oferta. Hoje, será
divulgado se houve rateio de
ações no varejo.
META
A adesão foi tão alta que
há dúvidas se a União conseguiu, de fato, ampliar para
50% sua participação na Petrobras. Se não atingir a meta
(jamais declarada), a União
poderá levar como "prêmio
de consolação" dinheiro vivo
do mercado, ajudando a fechar as contas do Tesouro.
Isso porque a operação
prevê a cessão de R$ 74,8 bilhões em barris de petróleo,
que serão "trocados" pelas
novas ações. Se não comprar
tudo isso em ações, poderá
levar o restante em dinheiro.
Capitalizada, a Petrobras
terá recursos para deslanchar seu plano de exploração
no pré-sal, uma das últimas
reservas conhecidas de petróleo no mundo.
Surpreendentemente, as
ações da estatal dispararam
ontem; a expectativa era que
desabassem mais. A interpretação foi que os grandes
investidores não conseguiram levar integralmente os
papéis que pediram e tentavam comprar ações antes de
uma possível alta.
Com o preço definido, os
novos papéis começam a ser
negociados hoje na Bolsa de
Nova York. O presidente Lula
estará hoje na BM&FBovespa, apesar de os papéis só estrearem no país na segunda.
DEMANDA
O temor dos bancos é que,
se toda a demanda do mercado for atendida, os fundos
não terão por que comprar os
papéis na Bolsa, ocasionando a baixa das ações. Tudo o
que o governo não quer é que
as ações caiam na estreia, o
que significaria um fracasso
na visão do público.
A possibilidade de queda
das ações, porém, não é descartada. Alguns fundos de
investimento não aderiram à
oferta, alegando que poderiam comprar mais tarde por
um preço menor na Bolsa.
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