São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2011

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Dilma mostra face técnica na estreia em Davos

Presidente não aceita convite para ir a Fórum e deixa de fora ministros mais políticos

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL À SUÍÇA

A presidente Dilma Rousseff despachou para Davos uma equipe eminentemente técnica para a apresentação de seu governo às grandes corporações globais, que se reúnem todo janeiro nessa cidadezinha dos Alpes suíços, no encontro anual do Fórum Econômico Mundial.
Não deixa de ser um sinal de como quer que seu governo seja percebido internacionalmente, mais gerencial do que político, como ela própria, de resto.
Dilma nem aceitou o convite feito pelo Fórum, que começa amanhã, nem escalou ministros mais políticos, como Antonio Palocci Filho (Casa Civil) ou Guido Mantega (Fazenda).
A representação do país estará formada pelos presidentes do BC, Alexandre Tombini, e do BNDES, Luciano Coutinho, e pelo chanceler Antonio Patriota.
Patriota, como todo diplomata, exerce uma função política, mas seu perfil é muito mais discreto e técnico do que o de seu antecessor, Celso Amorim, um grande agitador diplomático e presença constante em Davos, ao contrário das três autoridades de 2011, que vêm, todas, pela primeira vez.
Na sexta, os três participam da mesa-redonda "Panorama do Brasil", ao lado de dois outros brasileiros de perfil igualmente técnico ou gerencial: Frederico Fleury Curado, presidente e executivo-chefe da Embraer, e Renato Augusto Villela, secretário de Finanças do Rio.
Tombini tocará, como é previsível, a canção mais apreciada pelos executivos que formam o público majoritário em Davos: austeridade, autonomia do BC, inflação baixa como meta ultraprioritária.
Neste ano, tal música é ainda mais bem-vinda, na medida em que há muita preocupação na Europa com uma eventual disparada da inflação. Títulos de países ricos começam a ser desprezados porque, se a inflação subir mesmo, o rendimento deles fica pouco atraente.

EMPRÉSTIMOS
Coutinho tende a repetir uma comparação que sempre causa espanto: o BNDES tem mais recursos que o Banco Mundial para financiar projetos, a grande maioria a ser tocada pelo setor privado.
A tarefa mais difícil será a de Patriota. O moderador da mesa é Moisés Naím, acadêmico venezuelano radicado nos EUA e que hoje é associado-sênior de economia internacional do Instituto Carnegie para a Paz Internacional.
Naím tem sido crítico duro dos últimos movimentos da diplomacia brasileira, em especial pelo que considera pouca atenção aos direitos humanos e excesso de atenção para ditaduras como a do Irã ou para regimes de que Naím desgosta especialmente, caso da Venezuela de Hugo Chávez.
Parece óbvio que Patriota repetirá o que vem dizendo, ou seja, que a questão dos direitos humanos ocupará o centro da diplomacia no governo Dilma.
Mas dificilmente será mais específico, até porque ele afirma que o governo, todo ele, não só o Itamaraty, deve fazer uma reflexão sobre essa questão, que acabou sendo a única grande mancha no prestígio internacional que adquiriu o antecessor e padrinho de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva.


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