São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2011

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Líder da Apple tem jeito prático e modesto

Novo chefe é visto como o homem que garantiu sucesso aos sonhos de Steve Jobs no renascimento da empresa

Dotado de um humor seco, Cook tem estilo simples e vive há muito tempo em uma casa alugada em Palo Alto

Mark Lennihan - 11.jan.11/AssociatedPress
Tim Cook, que assumiu o comando da Apple depois que Steve Jobs se ausentou da companhia por problemas de saúde ainda não totalmente detalhados

JOSEPH MENN
DO "FINANCIAL TIMES"

Mais de duas décadas atrás, Tim Cook, jovem aluno do curso de MBA na Duke University, preparou um cuidadoso plano para os 25 anos seguintes da vida profissional. Pouco tempo atrás, encontrou uma cópia do plano e percebeu que não havia servido em nada para orientar seu percurso na vida.
O plano não dizia nada sobre a necessidade de seguir um palpite, como ele fez em 1998 ao trocar um emprego seguro em uma grande empresa por uma vaga na Apple, que cambaleava à beira da extinção. A decisão o levou a assumir neste mês o comando interino da segunda mais valiosa entre as empresas de capital aberto.
Vice-presidente operacional da Apple durante os últimos cinco anos, Cook agora tem a oportunidade de provar que é capaz de suceder Steve Jobs, um dos mais carismáticos dos líderes empresariais mundiais, forçado a deixar o posto uma vez mais por problemas de saúde.
Mas, para efetivamente se equiparar a Jobs, Cook tem muito a provar, já que a Apple está fazendo apostas cruciais em nova onda de tecnologias, que incluirá as próximas gerações de seu celebrado tablet iPad e do iPhone. Essa abertura não é natural para Cook, 50, filho de um esforçado operário da construção naval. Ele trabalhou metodicamente por 12 anos na IBM e teve passagens por postos mais importantes em uma distribuidora de computadores e na Compaq. A experiência exerceu profunda influência sobre a maneira pela qual ele encara a tecnologia e a liderança. A capacidade de equilibrar seus antecedentes nos ramos de engenharia e gestão ao estilo decisório mais rápido e inovador que aprendeu sob a tutela de Jobs serão cruciais nos próximos meses.


HOMEM PRÁTICO
Para quem vê de fora, Cook muitas vezes é encarado como o homem prático e eficiente que garantiu que os sonhos digitais de Jobs não soçobrassem por falta das peças necessárias. Ele certamente não tem o carisma de astro do rock que fez de Jobs um herói mesmo fora do mundo dos negócios.
No entanto, antigos executivos da Apple que trabalharam em estreito contato com Cook afirmam que a empresa estará em boas mãos.
Descrevem-no como um colega tão exigente quanto Jobs, que é notório por seu detalhismo. Cook, dizem os colegas, raramente (se alguma vez) levanta a voz. "Não é um cara emotivo, mas as pessoas sabem quando está insatisfeito com elas", diz um antigo colega de trabalho.
Dotado de um humor seco, Cook tem gostos modestos.
Vive há muito tempo em uma casa alugada em Palo Alto, quando tem dinheiro para bancar um palácio. Torcedor apaixonado do time de futebol americano da Universidade Auburn, cujas flâmulas enfeitam seu escritório e casa, ele muitas vezes voa ao Alabama para acompanhar os jogos da equipe.
O cabelo de Cook é grisalho e cortado rente ao crânio; ele usa óculos e se mantém em forma com regime rigoroso de exercício que começa antes do alvorecer. Sua dedicação à forma física se intensificou depois que problemas temporários de saúde foram diagnosticados, incorretamente, como esclerose múltipla, na metade dos anos 90, dizem colegas.
Ele provou seu valor para a Apple pouco depois de ser contratado. Jobs havia voltado à problemática empresa apenas um ano antes, e descobriu situações desastrosas. O esforço foi imenso, mas seu sucesso foi tão essencial para restaurar a lucratividade da Apple quanto os novos e elegantes produtos sonhados por Jobs. Desde então, Cook vem sendo alvo de outras empresas. Em setembro, quando surgiram rumores de que ele seria candidato ao comando executivo da Hewlett-Packard, a Apple o premiou com uma opção de ações de US$ 35 milhões.
Cook já é o funcionário mais bem pago da empresa, porque Jobs recebe apenas um salário nominal de US$ 1 por ano.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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