São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2011

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Cidades avançam com economia verde

Em vez de esperar resultados de negociações globais, municípios criam agendas próprias de sustentabilidade

Objetivo é não ficar dependendo de decisões tomadas em gabinetes; Argentina adota Índice de Sustentabilidade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto acordos globais que estimulem a transição da economia para um modelo de desenvolvimento sustentável não saem do papel, cidades e regiões autônomas de várias partes do planeta vêm se antecipando e criando agendas próprias de sustentabilidade, boa parte delas por meio de regulações e legislações que extrapolam as paredes de secretarias e ministérios do ambiente.
Redigida e debatida ao longo de dois anos, a Estratégia de Desenvolvimento Sustentável do País Basco 2020, recentemente aprovada, é uma mostra interessante de regulação construída de maneira coparticipativa, envolvendo representantes de diversos segmentos da sociedade.
Agregando princípios de sustentabilidade e desenvolvimento social, o documento inclui metas objetivas de redução de emissões de gases do efeito estufa, aumento do emprego e investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade, entre outros, que servirão como plataforma de integração para o conjunto de políticas setoriais do governo.
"Em vez de esperar grandes e complexos resultados das negociações globais, achamos mais prático e eficiente avançarmos com as regulações em regiões menores, que podem inclusive ser replicáveis em outros locais", afirma a diretora-geral da Coordenação do Governo Basco, Koldobike Uriarte.
Há outros exemplos bem-sucedidos de regulações locais que caminham nessa direção. A cidade de Buenos Aires vem implementando um plano de desenvolvimento sustentável urbano com a criação do Índice de Sustentabilidade Urbana, que reúne indicadores sociais, ambientais, culturais, político-institucionais e econômicos.
Até 2060, segundo o plano, nenhuma residência da cidade ficará a menos de 350 metros de uma área verde, ante os 612 metros atuais. A quantidade de lixo reciclado deverá chegar à metade do total (hoje, somente 0,5%) e o consumo de água por habitante baixará dos atuais 622 litros para 80 litros por ano, entre outros aspectos.
O índice de sustentabilidade reúne ainda indicadores pouco usuais na área, como a redução no nível de ruído nas zonas centrais da cidade. "Depois de tanto anos, podemos ouvir os pássaros cantando no centro", afirma o secretário de Desenvolvimento Urbano de Buenos Aires, Daniel Chaín.
Além do retorno socioambiental, o programa também começa a gerar resultados econômicos. O impulso de negócios gerado pelo calçamento em vias centrais da cidade no comércio e no turismo, por exemplo, incrementou em 22% as receitas locais em menos de um ano de implementação.


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