São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2011

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Mineradoras ganham com 'areias minerais'

Boom de construção na China eleva preços; empresas pequenas são as que mais lucram

EMIKO TERAZONO
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES

Para um punhado de companhias mineradoras, o boom do setor da construção na China e em outros países emergentes fez ouro do lodo encontrado em praias da África e da Austrália.
O preço de um grupo de commodities obscuras usadas na produção de pigmentos -entre as quais ilmenita, rutílio e zircônio- disparou neste ano, em alguns casos chegando a triplicar devido à alta na demanda por tinta causada pela rápida urbanização da China, da Índia e do Oriente Médio.
Ilmenita e rutílio são processados em forma de dióxido de titânio, usado como pigmento em tintas, plásticos, papéis e cosméticos, enquanto o zircônio é usado principalmente em cerâmicas e telhas.
Juntos, são conhecidos pelo setor de mineração como "areias minerais". As principais fontes de suprimento não são as grandes minas tradicionais, mas areia das praias e de águas rasas em regiões remotas da Austrália, de Moçambique, do Senegal e do Quênia. A disparada na demanda vem criando pressão no setor, que não investiu o bastante para criar novas fontes de areias minerais devido ao período de preços baixos nas décadas de 1990 e de 2000.
Algumas mineradoras quebraram com a queda de pedidos causada pela crise financeira mundial de 2008, e os consumidores não repuseram seus estoques.
A combinação entre baixa oferta e estoques quase vazios resultou em alta acentuada de preços neste ano. O salto nos preços colocou no mapa do investimento companhias até o momento pouco conhecidas. O preço das ações da Iluka, companhia australiana que é a maior produtora mundial de zircônio, duplicou em relação ao ano passado, enquanto para a irlandesa Kenmare a alta também foi de quase 100%.
A questão é determinar se os preços das "areias minerais" continuarão a subir diante da possibilidade de nova recessão mundial. O crescimento do mercado chinês de construção está se desacelerando, o que gerou forte queda no preço do minério de ferro nas últimas semanas. Os analistas temem que o efeito se estenda a outras commodities e, possivelmente, às "areias minerais".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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