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Atraso do BC evita que Caixa pague rombo do PanAmericano
Responsabilidade solidária só é válida após a posse da estatal no conselho do banco privado
SHEILA D'AMORIM
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
A demora do Banco Central em aprovar a entrada da
Caixa no controle do banco
PanAmericano evitou que a
estatal tivesse de arcar com
parte do rombo de R$ 2,5 bilhões nas contas da instituição privada.
A presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho,
disse que enviou ao BC, em
agosto, documentos para
concluir a compra de 49% do
PanAmericano.
O BC, no entanto, só aprovou a entrada da Caixa no
conselho em novembro, depois de o Grupo Silvio Santos
obter o empréstimo para sanear as contas da instituição.
Segundo o presidente do
BC, Henrique Meirelles, somente a partir do momento
em que a Caixa tomou posse
no conselho e na diretoria do
PanAmericano é que o banco
passou a ter responsabilidade solidária pelo negócio.
Desde julho, o BC sabia
das "inconsistências" nos
dados sobre vendas de carteiras de crédito, mas ainda
não havia identificado qual
instituição era responsável
pelo problema.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
Maria Fernanda e Meirelles participaram ontem de
audiência pública no Senado. A presidente da Caixa disse ter seguido todas as obrigações legais para verificar
se o PanAmericano não tinha
problemas.
Afirmou também que espera uma resposta das auditorias contratadas para saber
se houve omissão por parte
dessas empresas.
Ela negou que a Caixa tenha tido prejuízo por ter comprado o banco quando suas
ações valiam o dobro da cotação atual. "A Caixa não comprou como um especulador.
Ela comprou como um planejamento estratégico e avalia
que isso vai trazer o retorno
esperado", afirmou.
Meirelles disse que ainda é
cedo para saber quem falhou
e para avaliar se é preciso
mudar a forma como o BC fiscaliza os bancos.
Completou, no entanto,
que o governo não pode arcar
com os custos de uma grande
equipe de auditoria e com os
riscos de se responsabilizar
por dados divulgados pelo
setor privado.
"O que custaria aos cofres
públicos evitar que o controlador do banco tivesse prejuízo? E qual a viabilidade técnica de uma supergalática
auditoria, com o BC auditando todas as instituições financeiras do país?"
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