São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2010

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Crise reduz investimento externo, diz BC

Queda no fluxo de recursos pode frustrar a expectativa do governo de repetir o resultado recorde obtido em 2008

Até agora, o Brasil recebeu menos de 20% dos US$ 45 bilhões em investimentos previstos pelo governo para 2010

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

A crise financeira adiou e reduziu os investimentos de empresas estrangeiras no país nos primeiros quatro meses do ano, segundo o Banco Central.
A queda no fluxo de recursos, especialmente de países europeus como Alemanha e Espanha, pode frustrar a expectativa do governo de repetir o resultado recorde de 2008 nesse indicador.
Além disso, houve aumento nas remessas de lucros e dividendos por parte das filiais de empresas europeias que atuam no país, para ajudar as matrizes no exterior.
Os investimentos estrangeiros registraram no mês passado o menor resultado para meses de abril desde 2006 (US$ 2,2 bilhões), valor que deve cair para US$ 1,6 bilhão neste mês, segundo previsão do Banco Central.
Até o momento, o país recebeu menos de 20% dos US$ 45 bilhões em investimentos previstos pelo governo para o ano todo. O resultado está abaixo até do registrado no mesmo período de 2009, quando a crise nos EUA provocou a interrupção nesse fluxo de recursos.
O BC, que só revisa previsões no final de cada trimestre, diz que essa tendência pode se reverter no segundo semestre, quando há expectativa de retomada de investimento em setores como o automobilístico, o químico, o de varejo e o imobiliário.
"Temos uma previsão muito forte para o ano, mas até agora isso não se materializou. Esses dois meses foram marcados por volatilidades expressivas. Isso traz alguma pisada temporária no freio, principalmente da Europa", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.
Também houve piora no fluxo de recursos para o mercado financeiro. Em abril, entraram no país US$ 7,6 bilhões para ações e renda fixa.
O investimento externo é a principal fonte para financiar o deficit nas transações do Brasil com o exterior, que cresceu quase três vezes neste ano. Em abril, o Banco Central registrou resultado negativo de US$ 4,6 bilhões nessa conta.
Os principais componentes do resultado são os gastos de turistas no exterior, a queda de 70% do saldo comercial e as despesas com transportes, royalties e aluguéis.
Para o economista Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP, a queda nos investimentos não vai prejudicar o financiamento externo do Brasil neste ano, mas o problema terá de ser resolvido pelo próximo governo.

FOLHA.com
Gasto de turista no exterior cresce 70%
www.folha.com.br/1014518



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