|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crise reduz investimento externo, diz BC
Queda no fluxo de recursos pode frustrar a expectativa do governo de repetir o resultado recorde obtido em 2008
Até agora, o Brasil recebeu menos de 20% dos US$ 45 bilhões em investimentos previstos pelo governo para 2010
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
A crise financeira adiou e
reduziu os investimentos de
empresas estrangeiras no
país nos primeiros quatro
meses do ano, segundo o
Banco Central.
A queda no fluxo de recursos, especialmente de países
europeus como Alemanha e
Espanha, pode frustrar a expectativa do governo de repetir o resultado recorde de
2008 nesse indicador.
Além disso, houve aumento nas remessas de lucros e
dividendos por parte das filiais de empresas europeias
que atuam no país, para ajudar as matrizes no exterior.
Os investimentos estrangeiros registraram no mês
passado o menor resultado
para meses de abril desde
2006 (US$ 2,2 bilhões), valor
que deve cair para US$ 1,6 bilhão neste mês, segundo previsão do Banco Central.
Até o momento, o país recebeu menos de 20% dos
US$ 45 bilhões em investimentos previstos pelo governo para o ano todo. O resultado está abaixo até do registrado no mesmo período de
2009, quando a crise nos
EUA provocou a interrupção
nesse fluxo de recursos.
O BC, que só revisa previsões no final de cada trimestre, diz que essa tendência
pode se reverter no segundo
semestre, quando há expectativa de retomada de investimento em setores como o
automobilístico, o químico, o
de varejo e o imobiliário.
"Temos uma previsão
muito forte para o ano, mas
até agora isso não se materializou. Esses dois meses foram
marcados por volatilidades
expressivas. Isso traz alguma
pisada temporária no freio,
principalmente da Europa",
disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.
Também houve piora no
fluxo de recursos para o mercado financeiro. Em abril, entraram no país US$ 7,6 bilhões para ações e renda fixa.
O investimento externo é a
principal fonte para financiar o deficit nas transações
do Brasil com o exterior, que
cresceu quase três vezes neste ano. Em abril, o Banco
Central registrou resultado
negativo de US$ 4,6 bilhões
nessa conta.
Os principais componentes do resultado são os gastos
de turistas no exterior, a queda de 70% do saldo comercial e as despesas com transportes, royalties e aluguéis.
Para o economista Antonio Corrêa de Lacerda, da
PUC-SP, a queda nos investimentos não vai prejudicar o
financiamento externo do
Brasil neste ano, mas o problema terá de ser resolvido
pelo próximo governo.
FOLHA.com
Gasto de turista no
exterior cresce 70%
www.folha.com.br/1014518
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: A bagaceira dos candidatos Próximo Texto: Análise: É preciso avaliar os riscos do deficit nas contas externas para a economia Índice
|