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Situação da Espanha preocupa investidores
Apesar de o governo ter feito cortes, solidez dos bancos gera dúvidas
Custos de captação da Espanha aumentam, apesar de declarações de autoridades e executivos de bancos
RAPHAEL MINDER
DO "NEW YORK TIMES", EM MADRI
A Europa sobreviveu ao
resgate da Grécia, pelo menos até agora. O resgate financeiro da Irlanda também
é administrável.
Mesmo que Portugal se
torne o terceiro país a sucumbir e solicitar ajuda, como
muitos observadores preveem, é improvável que isso
conduza a Europa à beira da
catástrofe financeira.
Mas, se for necessário um
resgate à Espanha, com economia duas vezes maior que
as três outras combinadas,
isso pode desgastar a capacidade dos países mais fortes
da Europa de ajudar os mais
fracos e representar problema grave para o euro.
Mesmo que a Espanha, como a Irlanda, tenha adotado
um plano de austeridade para ajudá-la a evitar um resgate, pode ser que necessite de
ajuda caso seu sistema bancário se mostre frágil.
Essa possibilidade perturbadora deixou os credores
nervosos. Os custos de captação de Madri subiram mesmo
depois que o governo reduziu seu deficit e os bancos do
país disseram ter força suficiente para absorver maus
empréstimos imobiliários.
JUROS
Como reflexo da preocupação dos investidores, o
"spread" (diferença) entre os
rendimentos dos títulos de
dez anos do governo espanhol e papéis alemães semelhantes continuou a aumentar na quarta-feira para até
2,59%, o maior diferencial
desde a introdução do euro.
Os "spreads" geralmente
aumentam quando os investidores percebem risco maior
de calote.
O problema para a Espanha é a possibilidade de que
as "expectativas negativas
venham a forçar sua concretização", disse Jordi Galí, diretor do Centro de Pesquisa
de Economia Internacional
da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.
"Caso os investidores prevejam que a Espanha terá
problemas para refinanciar
sua dívida, a Espanha terá
problemas", disse.
Elena Salgado, ministra
das Finanças da Espanha, insistiu na quarta-feira que seu
país não necessitaria de resgate. O nervosismo dos investidores está crescendo
apesar de o governo ter conseguido controlar o deficit orçamentário, que atingiu
11,1% do PIB no ano passado.
Além disso, os bancos espanhóis poderiam sofrer em
caso de agravamento dos
problemas de Portugal.
A Espanha não só é o
maior parceiro comercial de
Portugal como é também seu
maior credor; os bancos espanhóis detêm US$ 78 bilhões em dívidas portuguesas, de acordo com o Banco
de Compensações Internacionais.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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