São Paulo, sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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Situação da Espanha preocupa investidores

Apesar de o governo ter feito cortes, solidez dos bancos gera dúvidas

Custos de captação da Espanha aumentam, apesar de declarações de autoridades e executivos de bancos

RAPHAEL MINDER
DO "NEW YORK TIMES", EM MADRI

A Europa sobreviveu ao resgate da Grécia, pelo menos até agora. O resgate financeiro da Irlanda também é administrável.
Mesmo que Portugal se torne o terceiro país a sucumbir e solicitar ajuda, como muitos observadores preveem, é improvável que isso conduza a Europa à beira da catástrofe financeira.
Mas, se for necessário um resgate à Espanha, com economia duas vezes maior que as três outras combinadas, isso pode desgastar a capacidade dos países mais fortes da Europa de ajudar os mais fracos e representar problema grave para o euro.
Mesmo que a Espanha, como a Irlanda, tenha adotado um plano de austeridade para ajudá-la a evitar um resgate, pode ser que necessite de ajuda caso seu sistema bancário se mostre frágil.
Essa possibilidade perturbadora deixou os credores nervosos. Os custos de captação de Madri subiram mesmo depois que o governo reduziu seu deficit e os bancos do país disseram ter força suficiente para absorver maus empréstimos imobiliários.

JUROS
Como reflexo da preocupação dos investidores, o "spread" (diferença) entre os rendimentos dos títulos de dez anos do governo espanhol e papéis alemães semelhantes continuou a aumentar na quarta-feira para até 2,59%, o maior diferencial desde a introdução do euro.
Os "spreads" geralmente aumentam quando os investidores percebem risco maior de calote.
O problema para a Espanha é a possibilidade de que as "expectativas negativas venham a forçar sua concretização", disse Jordi Galí, diretor do Centro de Pesquisa de Economia Internacional da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.
"Caso os investidores prevejam que a Espanha terá problemas para refinanciar sua dívida, a Espanha terá problemas", disse.
Elena Salgado, ministra das Finanças da Espanha, insistiu na quarta-feira que seu país não necessitaria de resgate. O nervosismo dos investidores está crescendo apesar de o governo ter conseguido controlar o deficit orçamentário, que atingiu 11,1% do PIB no ano passado.
Além disso, os bancos espanhóis poderiam sofrer em caso de agravamento dos problemas de Portugal.
A Espanha não só é o maior parceiro comercial de Portugal como é também seu maior credor; os bancos espanhóis detêm US$ 78 bilhões em dívidas portuguesas, de acordo com o Banco de Compensações Internacionais.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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