São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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De cada 4 carros importados, 1 é coreano

Automóveis vindos de fora representam 18% das compras de veículos novos no país até agosto, ante 5% em 2005

Compras de carros da Argentina e do México têm queda e asiáticos ocupam mais espaço nas importações

Seokyong Lee - 21.abr.10/Bloomberg
Fábrica da Hyundai em Asan (Coreia do Sul); vendas da montadora no Brasil permitiram que participação do país asiático na comercialização de carros importados atingisse 24,5%

ÁLVARO FAGUNDES
TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO

Os carros importados vêm ganhando cada vez mais espaço nas compras dos brasileiros e adquirindo novos sotaques, como coreano e chinês, e não apenas o espanhol dos mexicanos e dos argentinos que entram no país beneficiados pela isenção do Imposto de Importação.
Segundo a Anfavea (associação das montadoras), a fatia do vizinho sul-americano nas importações de veículos caiu de 65,2% em 2007 para 52,3% no acumulado deste ano até agosto. No mesmo período, a participação dos carros vindos do México passou de 12,4% para 9,6%.
Em ambos os casos, a maior parte é trazida por montadoras que têm fábrica no Brasil e usufruem de incentivo tributário para definir os melhores locais para as linhas de produção.
Duas marcas da Coreia do Sul, Hyundai e Kia, vêm absorvendo esse espaço e ajudaram a elevar a fatia do país asiático de 10,4% para 24,5% nesse intervalo, ultrapassando os mexicanos.
"Estamos preocupados com o crescimento das importações de fora da área de livre comércio", afirma Cledorvino Belini, presidente da Anfavea. Sem o acordo automotivo, os importados pagam 35% em tributos para entrar no Brasil, o máximo permitido pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
Já a participação dos chineses foi de 0,5% para 2,7%, motivando a montadora Chery a anunciar a instalação de uma fábrica em Jacareí (SP), com previsão de produção a partir de 2013.
Para Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (federação das concessionárias), a chegada dos chineses ao mercado brasileiro ainda "é um processo embrionário" e que precisa ser observado.
A Hyundai terá uma unidade em Piracicaba (SP) no próximo ano. A unidade que monta atualmente o Tucson e o HR em Anápolis (GO) é um investimento só do grupo Caoa, com parceria com a matriz sul-coreana para a transferência de tecnologia.
O investimento acontece porque o país está no centro das atenções das grandes montadoras, preocupadas com o freio no gasto dos consumidores das nações ricas.
O Brasil ficou, em 2009, em quinto lugar entre os maiores mercados compradores de carros e ameaça tomar neste ano a quarta posição da Alemanha.

CONSUMIDOR
Na avaliação de Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos) e ex-presidente da Ford no Brasil, essa diversificação na origem dos importados é natural conforme o consumidor vai ficando "mais educado".
"Quanto mais deles chegarem, mais interessante vai ser a comparação custo-benefício", diz Mello, destacando a penetração dos utilitários esportivos coreanos.
Na sua opinião, "qualquer mercado só pode se dizer maduro se tiver esse tipo de convivência entre as marcas".
A venda de veículos novos importados se expandiu em 35,8% no acumulado deste ano até agosto ante igual período do ano passado, enquanto os licenciamentos das unidades produzidas no Brasil subiram só 5,7%.
Com essa diferença entre os avanços, a participação dos importados atingiu 18% das vendas totais, ante 14,6% no mesmo intervalo em 2009 -e 4,9% em 2005.
Paulo Kakinoff, vice-presidente da Abeiva (associação das importadoras de veículos), não vê uma concorrência acirrada e pondera que os produtos "são mais complementares do que competidores diretos".
Entre os associados da Abeiva, que engloba as marcas que não têm fábrica no país, o executivo destaca que a motorização dominante é acima de 2.0 (mais potente).


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