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ANÁLISE
Com economia em crescimento, desemprego segue em queda
JOÃO SABOIA
ESPECIAL PARA A FOLHA
A divulgação, ontem, dos
resultados de abril da PME
(Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE confirma mais
uma vez a situação favorável
da economia e do mercado
de trabalho do país.
A taxa média de desemprego ficou em 7,3%, o menor valor para meses de abril
desde 2002, quando a nova
PME foi implantada.
Estão sendo gerados empregos em praticamente todos os setores da economia,
inclusive na indústria, que
foi o segmento mais atingido
pela crise de 2008/2009. O
rendimento médio continua
aumentando quando comparado com os anos anteriores.
Segundo o IBGE, o emprego com carteira assinada está
crescendo nas seis regiões
metropolitanas incluídas na
pesquisa, confirmando os
dados nacionais levantados
pelo Caged, que havia mostrado a geração de quase 1
milhão de empregos até
abril. Este ano certamente será o de maior geração de empregos formais no país.
Os resultados favoráveis
do mercado de trabalho refletem o comportamento excepcional da economia brasileira, que deve apresentar neste
ano taxa de crescimento da
ordem de 7% a 7,5%, segundo previsões de várias instituições, inclusive do Grupo
de Conjuntura do Instituto de
Economia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
Se esse crescimento se
confirmar, será a maior taxa
observada no país desde
meados dos anos 1980.
As contas públicas estão
positivas, a arrecadação, em
alta, e o superavit fiscal bateu novo recorde no primeiro
quadrimestre do ano.
Infelizmente, tal esforço
fiscal acaba sendo desperdiçado com o pagamento dos
juros da dívida pública, que
deverão subir ao longo do
ano com o aumento da Selic.
Apesar dos bons resultados, há alguns desafios para
a continuidade do crescimento econômico e a consequente melhoria do mercado
de trabalho.
Do ponto de vista interno,
o principal é a necessidade
de investimentos nos mais
diversos setores da economia. A taxa de investimento
do país é reconhecidamente
baixa e precisa ser aumentada para dar conta de uma
economia em ritmo crescente
de crescimento econômico.
Pelo lado externo, tem havido forte deterioração da
conta-corrente, principalmente devido ao pior resultado da balança comercial. O
deficit externo, entretanto,
deverá ser financiado com a
entrada de capitais sem
maiores dificuldades no curto prazo.
A médio prazo, entretanto,
o país poderá encontrar dificuldades de financiamento
das contas externas caso a
balança comercial não se recupere. Certamente, uma
desvalorização do real poderia dar uma boa contribuição
nesse sentido.
Em resumo, o ano de 2010
já está assegurado, mas, para
a continuidade do crescimento econômico no futuro,
algumas questões estruturais terão que ser enfrentadas
pelo próximo governo.
JOÃO SABOIA é diretor do Instituto de
Economia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro.
saboia@ie.ufrj.br
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