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Brasileiro vê maior peso político em estatal
Para 91% de entrevistados em pesquisa, há influência política; 60% julgam empresa pública menos eficiente
Apesar das críticas, 65% dos brasileiros ouvidos defendem manutenção de áreas "de interesse nacional"
CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO
Na reta final da corrida
eleitoral, em que as privatizações são exploradas à exaustão, um estudo da consultoria Ernst & Young mostra a
opinião contraditória dos
brasileiros sobre as estatais.
A pesquisa, antecipada à
Folha e que entrevistou 12
mil pessoas em 24 países dos
cinco continentes -500 em
cada localidade-, mostra
que 65% dos entrevistados
brasileiros acreditam ser de
interesse nacional o controle
estatal de empresas.
A participação do Estado
em empresas é aprovada pela população em 10 entre 12
setores pesquisados, sendo
maior para Defesa (91%) e
menor para empresas do setor bancário (60%).
Entretanto, 91% da amostra brasileira reconhece que
há muita influência política
sobre as estatais, índice superior à média dos demais
países pesquisados, de 88%.
Outro aspecto contraditório é que 60% da amostra enxerga as empresas públicas
como menos eficientes. Só
43% dos entrevistados consideram os serviços públicos
melhores que os privados.
"Há razões culturais envolvidas, uma sensação de
nacionalismo e também a
percepção de que essas estatais estão cumprindo objetivos que a população considera importante", afirma Mário
Engler, professor da FGV-Direito e procurador do Estado
de São Paulo.
No entanto, para os especialistas, a maioria da população prefere fechar os olhos
aos interesses políticos
quando o serviço é bom.
"Estatais sempre foram
exemplo de galhofa, mas
aquelas em que o serviço funciona bem tendem a ter tolerância maior sobre a influência política. É o caso dos Correios, que, apesar da polêmica sobre loteamento de cargos, trazem uma experiência
satisfatória", diz Marcos Figueiredo, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj (Universidade
Estadual do Rio de Janeiro).
Outro aspecto considerado para a aprovação das estais é a estabilidade de carreira, que põe os interesses individuais em evidência.
Para especialistas, o orgulho das empresas do Estado
também é motivado por um
sentimento de reprovação à
orientação ao lucro das companhias privadas.
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