São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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Brasileiro vê maior peso político em estatal

Para 91% de entrevistados em pesquisa, há influência política; 60% julgam empresa pública menos eficiente

Apesar das críticas, 65% dos brasileiros ouvidos defendem manutenção de áreas "de interesse nacional"

CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO

Na reta final da corrida eleitoral, em que as privatizações são exploradas à exaustão, um estudo da consultoria Ernst & Young mostra a opinião contraditória dos brasileiros sobre as estatais.
A pesquisa, antecipada à Folha e que entrevistou 12 mil pessoas em 24 países dos cinco continentes -500 em cada localidade-, mostra que 65% dos entrevistados brasileiros acreditam ser de interesse nacional o controle estatal de empresas.
A participação do Estado em empresas é aprovada pela população em 10 entre 12 setores pesquisados, sendo maior para Defesa (91%) e menor para empresas do setor bancário (60%).
Entretanto, 91% da amostra brasileira reconhece que há muita influência política sobre as estatais, índice superior à média dos demais países pesquisados, de 88%.
Outro aspecto contraditório é que 60% da amostra enxerga as empresas públicas como menos eficientes. Só 43% dos entrevistados consideram os serviços públicos melhores que os privados.
"Há razões culturais envolvidas, uma sensação de nacionalismo e também a percepção de que essas estatais estão cumprindo objetivos que a população considera importante", afirma Mário Engler, professor da FGV-Direito e procurador do Estado de São Paulo.
No entanto, para os especialistas, a maioria da população prefere fechar os olhos aos interesses políticos quando o serviço é bom.
"Estatais sempre foram exemplo de galhofa, mas aquelas em que o serviço funciona bem tendem a ter tolerância maior sobre a influência política. É o caso dos Correios, que, apesar da polêmica sobre loteamento de cargos, trazem uma experiência satisfatória", diz Marcos Figueiredo, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Outro aspecto considerado para a aprovação das estais é a estabilidade de carreira, que põe os interesses individuais em evidência.
Para especialistas, o orgulho das empresas do Estado também é motivado por um sentimento de reprovação à orientação ao lucro das companhias privadas.


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