São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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Apoio a estatal é maior em emergentes

Em países como Rússia, China e Brasil, imagem positiva de estatais é maior que nas economias desenvolvidas

Nos EUA e no Reino Unido, aprovação de estatais é menor, segundo pesquisa global da Ernst & Young

Rosane Marinho - 28.abr.97/Folhapress
Manifestação contra a privatização da Vale, em 1997 no Rio de Janeiro

DE SÃO PAULO

A aprovação sobre as estatais, assim como a participação das empresas controladas pelo governo no PIB, tende a ser maior nos países em desenvolvimento.
Segundo estudo da Ernst & Young, entre os países que consideram as estatais como elementos de interesse nacional, estão Arábia Saudita, Rússia e China. Nações desenvolvidas, como Reino Unido e Estados Unidos, onde a participação do Estado em empresas é tradicionalmente pequena, têm os menores índices de aceitação.
Proporcionalmente a essa relevância está a participação no PIB. Segundo a ONU, as estatais em países de alta renda correspondem, em média, a 8% do PIB. Nas nações onde a renda é intermediária, a participação dessas empresas é, em média, de 9%. Nas regiões menos desenvolvidas, o padrão é 14%.
Mas os números e a forma de atuação das estatais variam. Na China, o governo federal controla 17 mil empresas, e os governos estaduais e municipais, outras 150 mil. Na Índia, a estatal Indian Railways é uma das maiores empregadoras do mundo: 1,6 milhão de pessoas.
No Brasil, existem 118 empresas estatais, com 481.836 empregados, conforme revelou a edição de domingo da Folha. Segundo Eduardo Pinto, pesquisador do Ipea e doutor em economia pela UFRJ, as estatais representam cerca de 34% do patrimônio líquido dos 350 maiores grupos econômicos do país -que produzem o equivalente a 40% do PIB.
"Existe uma clara ligação entre as economias em desenvolvimento e a percepção de que as estatais são positivas. Isso porque vende-se a informação errada de que, se estatais forem privatizadas, daremos o Brasil para os estrangeiros", afirma Fabio Kanczuk, professor de macroeconomia da FEA-USP.
Para Kanczuk, não há justificativa para manter o controle estatal mesmo em serviços de interesse público, que poderiam ser concedidos gratuitamente na rede privada. O especialista, porém, defende a presença do Estado em setores estratégicos para o país, como Defesa.
Para Mário Engler, da FGV-SP, porém, a participação das estatais pode mudar no período pós-crise mesmo nos mercados maduros.
"Até onde a nacionalização é aprovada, há flutuação ao sabor das circunstâncias, como durante as crises", diz. (CF)


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