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Setores da indústria beiram saturação
Mesmo com concorrência de importados, uso da capacidade supera 90% em segmentos como construção civil
Nordeste começa a ter
falta de cimento, mas
economistas dizem que
problemas são pontuais
e estão sendo resolvidos
VERENA FORNETTI
DE SÃO PAULO
Mesmo com a concorrência dos importados, setores
da indústria com demanda
aquecida atingiram cerca de
90% de uso da capacidade
de produção em outubro, diz
a Fundação Getulio Vargas.
Com a quase saturação da
capacidade de produzir, a indústria de materiais para
construção, por exemplo, começa a ter gargalos. O setor já
usa 90,4% da capacidade e,
segundo o SindusCon-SP, há
problemas de abastecimento
de cimento no Nordeste.
Eduardo Zaidan, diretor
de economia da entidade,
afirma que as fábricas da região trabalham a pleno fôlego, e que o transporte do produto por longas distâncias é
complicado. Mas, segundo
ele, os problemas só existem
nessa região e são pontuais.
A indústria têxtil, que sofre forte concorrência dos
produtos asiáticos, também
está usando grande parte do
potencial de produção. O
segmento ocupa 88,8% da
sua capacidade de operar.
Também estão em nível
elevado e acima do patamar
histórico os setores de minerais não metálicos (com
89,6% de uso) e celulose, papel e papelão (93,4%). A diferença é que esses setores,
produtores de commodities,
tradicionalmente operam
com menor ociosidade, pois
há poucos concorrentes e divisão mais clara do mercado.
Rogério Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), diz que em todos
esses setores os investimentos já começaram a acontecer, e que eles devem se traduzir em breve em alta da capacidade de produção.
INVESTIMENTOS
Souza afirma também que
os dados da FGV revelam que
setores da indústria brasileira conseguem manter bom
desempenho mesmo com a
concorrência dos produtos
estrangeiros, mas destaca
que a perda de mercado pode
desestimular investimentos.
"A indústria nacional vai
ter que investir porque isso é
condição de sobrevivência.
Mas a decisão de quanto investir depende de juros, câmbio e tamanho do mercado."
O indicador que mede a
utilização da capacidade instalada sinaliza a necessidade
de investimentos. Quando a
demanda se expande a ponto
de as indústrias trabalharem
com pouca ociosidade, cresce a pressão para que elas invistam e aumentem a oferta.
Aloísio Campelo, economista da FGV, pondera que,
quando se considera a média
de todos os setores da indústria, o país ainda opera abaixo do período pré-crise.
"Os segmentos que estão
com nível de utilização da capacidade instalada elevado
apresentam, em sua maioria,
estabilidade ou tendência
declinante no momento."
O setor industrial que operou com menor uso da capacidade em outubro foi o de
produtos farmacêuticos e veterinários, com 74% de utilização, seguido por materiais
elétricos e de telecomunicações (82%).
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