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BC indica fim do ciclo de alta do juro em setembro
Economistas criticam "otimismo"
e redução da projeção de inflação
Copom diz que efeito da global foi deflacionário e que projeção de juros do mercado para 2012 poria inflação sob meta
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
A ata da última reunião do
Comitê de Política Monetária
do Banco Central indica que
o BC deve interromper em setembro o ciclo de alta dos juros iniciado em abril e deixar
para o próximo governo a tarefa de continuar o aperto
monetário para conter a inflação, avaliam economistas.
Na semana passada, o BC
anunciou o terceiro aumento
consecutivo da taxa Selic, de
10,25% para 10,75% ao ano.
A decisão surpreendeu parte
do mercado financeiro, que
esperava uma alta maior.
A ata, divulgada ontem,
foi bastante criticada pelo
mercado financeiro e considerada "otimista". No documento, o Copom diz que os
riscos para a inflação diminuíram com a retirada de
parte dos estímulos fiscais ao
consumo anunciados durante a crise de 2008 e 2009.
Além disso, o BC avalia
que a crise internacional passou a ter um efeito deflacionário sobre os preços no país.
A instituição também reduziu suas previsões de inflação. Apesar de não citar os
números na ata, o BC diz que
o aumento de juros projetado
pelo mercado anteriormente
colocaria a inflação "ao redor" da meta de 4,5% em
2011, mas deixaria o indicador abaixo desse valor no primeiro semestre de 2012.
Para o economista Flávio
Serrano, do BES Investimento, o mais provável é um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em
setembro. A taxa pode, no
entanto, ficar estável se o cenário externo piorar ou subir
0,5 ponto, se melhorar.
Ele avalia que ao menos
mais um ajuste é necessário
para reduzir a probabilidade
de a Selic subir em 2011. "A
ata indica que estamos próximos do final do ciclo de aperto monetário e que o BC pode
parar de subir os juros."
CRÍTICAS
Para os economistas ouvidos, a instituição mudou sua
avaliação sobre os indicadores econômicos em cima da
hora, e não no final de junho,
como defende o BC na ata.
Além disso, não soube
transmitir ao mercado a avaliação de que um aumento
menor dos juros asseguraria
um crescimento equilibrado.
O Banco Fator, por exemplo, diz que o BC assumiu riscos e não convenceu sobre o
momento da redução no ritmo de alta dos juros. A projeção da instituição agora é de
um último aumento da Selic,
para 11% em setembro.
A consultoria Austin Rating avalia ainda que o Copom precisa de "uma dose de
sorte" para não ter de rever
sua decisão -o que reduziria
a credibilidade conquistada
neste governo e deixar um
ônus significativo para o próximo presidente.
Para o Santander, a taxa
deve ficar estável até o fim
deste ano. O banco avalia, no
entanto, que a queda da inflação e a desaceleração da
economia são transitórias e
que a Selic voltará a subir em
2011, para 13% ao ano.
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