São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2010

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BC indica fim do ciclo de alta do juro em setembro

Economistas criticam "otimismo" e redução da projeção de inflação

Copom diz que efeito da global foi deflacionário e que projeção de juros do mercado para 2012 poria inflação sob meta

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central indica que o BC deve interromper em setembro o ciclo de alta dos juros iniciado em abril e deixar para o próximo governo a tarefa de continuar o aperto monetário para conter a inflação, avaliam economistas.
Na semana passada, o BC anunciou o terceiro aumento consecutivo da taxa Selic, de 10,25% para 10,75% ao ano. A decisão surpreendeu parte do mercado financeiro, que esperava uma alta maior.
A ata, divulgada ontem, foi bastante criticada pelo mercado financeiro e considerada "otimista". No documento, o Copom diz que os riscos para a inflação diminuíram com a retirada de parte dos estímulos fiscais ao consumo anunciados durante a crise de 2008 e 2009.
Além disso, o BC avalia que a crise internacional passou a ter um efeito deflacionário sobre os preços no país.
A instituição também reduziu suas previsões de inflação. Apesar de não citar os números na ata, o BC diz que o aumento de juros projetado pelo mercado anteriormente colocaria a inflação "ao redor" da meta de 4,5% em 2011, mas deixaria o indicador abaixo desse valor no primeiro semestre de 2012.
Para o economista Flávio Serrano, do BES Investimento, o mais provável é um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em setembro. A taxa pode, no entanto, ficar estável se o cenário externo piorar ou subir 0,5 ponto, se melhorar.
Ele avalia que ao menos mais um ajuste é necessário para reduzir a probabilidade de a Selic subir em 2011. "A ata indica que estamos próximos do final do ciclo de aperto monetário e que o BC pode parar de subir os juros."

CRÍTICAS
Para os economistas ouvidos, a instituição mudou sua avaliação sobre os indicadores econômicos em cima da hora, e não no final de junho, como defende o BC na ata.
Além disso, não soube transmitir ao mercado a avaliação de que um aumento menor dos juros asseguraria um crescimento equilibrado.
O Banco Fator, por exemplo, diz que o BC assumiu riscos e não convenceu sobre o momento da redução no ritmo de alta dos juros. A projeção da instituição agora é de um último aumento da Selic, para 11% em setembro.
A consultoria Austin Rating avalia ainda que o Copom precisa de "uma dose de sorte" para não ter de rever sua decisão -o que reduziria a credibilidade conquistada neste governo e deixar um ônus significativo para o próximo presidente.
Para o Santander, a taxa deve ficar estável até o fim deste ano. O banco avalia, no entanto, que a queda da inflação e a desaceleração da economia são transitórias e que a Selic voltará a subir em 2011, para 13% ao ano.


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