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Recarga no celular estimula novas contas
Bradesco e BB oferecem contas-correntes em que o valor da tarifa mensal é revertido para a compra de minutos
Em 2012, empresas
e bancos devem distribuir mais de
R$ 100 mi em bônus
de recarga de celular
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO
As empresas descobriram
uma fórmula para mimar
clientes de baixa renda: minutos no celular pré-pago.
Enquanto a fidelidade das
classes A e B é recompensada
com milhas aéreas, a baixa
renda estava praticamente
fora desse tipo de programa.
Raros são os cartões de
crédito voltados para a baixa
renda, como os de redes varejistas, que permitem acumular pontos.
E quando permitem, como
o volume de transação é baixo, leva uma eternidade para
trocar por prêmios.
Desde o início do ano, porém, bancos, varejistas e até
companhias aéreas estão trabalhando intensamente em
programas de recompensa
para as classes C, D e E.
De olho em um contingente de 50 milhões de donos de
celulares que ainda não possuem conta em banco, o Bradesco lançou uma conta-corrente cujo valor da tarifa é revertido integralmente para
uma recarga de celular.
O programa começou em
junho em parceria com Vivo,
Oi e Claro e, em breve, vai incorporar também a TIM.
"Estamos abrindo quase
2.000 contas "Bônus Celular"
por dia. Quando a TIM entrar,
devemos passar a 3.000", diz
o diretor de inteligência competitiva do Bradesco, Candido Leonelli.
Isso significa que uma em
cada quatro contas abertas
por dia no banco será nessa
modalidade. A parceria prevê ainda a possibilidade de o
cliente abrir contas nas lojas
das próprias operadoras.
"A premiação com recarga
de celular representa uma
enorme inovação. É um jogo
de ganha-ganha. Fideliza o
cliente no banco e também
na operadora, uma vez que o
cliente pré-pago se transforma em quase um pós-pago."
O Banco do Brasil começou a oferecer recarga de celular como opção de resgate
no programa de relacionamento Ponto pra Você, aberto a todos os correntistas.
Desde fevereiro, 41,8 mil
clientes trocaram créditos
por recarga. Desses, 56% são
da classe C e 42,7% das classes D e E.
"Passagem é hoje o item
mais demandado do programa, que oferece mais de
7.000 opções de resgate.
Mas, no médio prazo, a recarga deve ultrapassar", diz Antônio Cássio Segura, gerente-executivo de varejo do BB.
Com o sucesso do programa, o BB lança nesta semana
uma conta similar à do Bradesco. "Nosso objetivo é bancarizar clientes das classes C,
D e E e criar com eles uma
cultura financeira."
PROMOÇÃO
A recarga também caminha para se tornar um dos
prêmios favoritos dos clientes do programa Bônus Clube
dos cartões American Express, administrados pelo
Bradesco.
"A classe C emergente demanda promoções com um
caráter mais instantâneo e a
recarga de celular é ideal nesse sentido", diz Márcio Parizotto, diretor de produtos do
Bradesco Cartões.
Pelas estimativas da Minutrade e da Minucom, empresas que fazem a intermediação com as operadoras, a
aquisição de bônus de recarga deverá movimentar algo
como R$ 11 milhões neste
ano. Em dois anos, deve subir para R$ 115 milhões.
"Os minutos vão se transformar na milha da classe C",
diz o diretor de produtos e
serviços financeiros da Vivo,
Maurício Romão. "Todos os
bancos estão nos procurando para firmar parcerias."
Mas a promoção com bônus de recarga não se limita
aos bancos. Na internet, o
Walmart e o site de viagens
ViajaNet também aderiram,
com promoções pontuais.
O bônus da recarga resulta
da combinação de duas realidades: o aumento do poder
de compra das classes mais
baixas e o fato de que 82%
dos 187 milhões de celulares
ativos no país (153,7 milhões)
são pré-pagos.
Os programas nasceram
voltados para a baixa renda,
mas não devem se limitar a
ela. "Estamos estudando formas de viabilizar programas
para celulares pós-pagos,
oferecendo benefícios como
crédito para "roaming" internacional ou para a compra
de aplicativos", diz Eduardo
Jacob, sócio da Minutrade.
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