São Paulo, sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

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Terra

Sombra verde

Paisagistas sugerem seis tipos de trepadeiras para criar caramanchões

por MARIA CECILIA MACIEL

Quer dar uma incrementada no seu jardim? As trepadeiras podem ser de grande ajuda, tanto para realçar como para esconder estruturas e detalhes. Versáteis, elas revestem cercas, grades, muros e paredes, criam recantos bucólicos em forma de pérgulas e caramanchões, dividem ambientes com treliças, escondem áreas desagradáveis aos olhos, como lixeiras e canos, e alcançam alturas onde nem sequer há terra para plantar. De quebra, algumas ainda dão deliciosos frutos, como a parreira e o maracujá.

As trepadeiras podem ser divididas, de acordo com o seu ciclo de vida, em dois grupos. As perenes, de textura semilenhosa ou lenhosa, vivem muito e crescem devagar. Exigem mais cuidados, compensados com muitas floradas e sombras permanentes. Já as anuais compõem as herbáceas ou semi-herbáceas, de crescimento rápido e vigoroso. São ótimas para cobrir estruturas leves e pequenas, mas não se mantêm bonitas por muito tempo e precisam ser replantadas. Nesse caso, enquadram-se os caramanchões temporários, feitos com fios biodegradáveis, que podem virar adubo quando o inverno ou a geada chegar.

Para saber qual o tipo mais indicado de planta para a estrutura que você deseja criar, é importante saber o modo como as diversas espécies de trepadeira se comportam e se desenvolvem. Confira a classificação:

Volúveis: o caule se enrola em forma de espiral, em qualquer estrutura -árvores, troncos de árvore e estacas. Podem cobrir muros e paredes, mas precisam de suporte, fio ou arame. Ex.: tumbérgia, madressilva, glicínias, mandevilla, trepadeira-borboleta, trepadeira-jade (verde e vermelha), lágrima de cristo, sapatinho-de-judia, bauínia-trepadeira, flor de cera; jalapa-do-campo.

Samentosas: os caules emitem órgãos fixadores ou gavinhas e ganchos, que garantem a fixação da planta na superfície. Ideais para cobrir muros, paredes e tocos de árvore. Ex.: hera-inglesa, unha-de-gato, maracujá, cipó-de-são-joão.

Cipós: são trepadeiras que não possuem órgãos fixadores. Seus ramos, rígidos e de crescimento rápido, logo chegam ao alto. Depois, com o peso, vergam para baixo, formando um arco. Ex.: jasmim-dos-poetas, sete-léguas.

Arbustos escandentes: não são trepadeiras quando plantadas de forma isolada, somente com tutores como arcos, percolados e treliças. Como não têm órgãos fixadores, precisam ser dirigidas com suportes e atilhos para subirem na estrutura. Ex.: primavera, brinco-de-princesa, bela-emília, alamanda-amarela.

Alamanda-amarela
Origem: Brasil
Porte: até 5 metros de altura
Flores: quase o ano inteiro
Características: arbusto escandente semilenhoso de sol-pleno e clima quente e úmido -no Sul, necessita de maiores cuidados para resistir ao inverno, e o período de floração se reduz um pouco. Existe a espécie Allamanda blanchetti, de cor rósea, com as mesmas características. Normalmente apoiada em cercas e percolados, necessita de suporte para sua condução. Ambas as espécies citadas são tóxicas
Propagação: por estaquia de galhos, na primavera e no verão
Ciclo de vida: perene

Cipó-de-são-joão, Flor-de-são-joão
Origem: Brasil
Porte: até 10 metros de altura
Flores: inverno e primavera
Características: trepadeira samentosa, semilenhosa e de sol-pleno. É uma planta rústica e muito vigorosa. Apresenta ramagem bem densa e é muito comum cobrindo barrancos e pendurada em árvores, de modo espontâneo, com sua florada vistosa, principalmente durante os meses de inverno. Existe a variedade de flores amarelas, embora a alaranjada seja bem mais comum
Propagação: por sementes ou estacas formadas logo após a florada. Não é uma das plantas mais fáceis para a obtenção de mudas através de estacas
Ciclo de vida: perene

Brinco de princesa
Origem: América do Norte e Sul (Brasil)
Porte: até 1,5 metro de altura
Flores: primavera
Características: arbusto escandente semi-herbáceo. O extenso grupo de híbridos origina-se da Fuchsia regia, espécie de formas simples e nativa em regiões de altitude do Brasil. Pode ser utilizado pendente em vasos e floreiras ou apoiado em estruturas. No outono-inverno, convém fazer uma poda eliminando o excesso de ramos, para uma floração mais intensa na primavera. Desenvolve-se melhor à meia-sombra (da maneira como se encontra na submata da floresta Atlântica). Prefere clima ameno (Sul e Sudeste)
Propagação: por estaquia de galhos
Ciclo de vida: perene

Lágrima de Cristo
Origem: África
Porte: até 4 metros
Flores: primavera-verão
Características: trepadeira volúvel, semi-herbácea, de meia-sombra. Não suporta geada, prefere solo arenoso e rico em matéria orgânica. É utilizada enrolada em suportes como vigamento de varandas, cercas e grades. É uma trepadeira de crescimento muito rápido, principalmente nas estações mais quentes, podendo chegar a crescer cerca de 10 cm por dia. Muito decorativa para grades e treliças
Propagação: por estaquia de ponta de ramos
Ciclo de vida: perene

Jasmim dos poetas
Origem: Ásia e África
Porte: até 6 metros de altura
Flores: primavera
Características: trepadeira cipó semi-herbácea de clima ameno. É de pleno-sol em locais mais frios e de meia-sombra em regiões mais quentes
Propagação: por estacas
Ciclo de vida: perene

Sapatinho-de-judia
Origem: Índia
Porte: até 20 metros de comprimento de rama
Flores: primavera-verão
Características: trepadeira volúvel semilenhosa. Ideal para cobertura de caramanchões e percolados, onde fica pendente com seus ramos longos e produz um excelente efeito ornamental com sua florada. Indicada para cultivo em locais de clima quente e úmido. Não tolera temperaturas baixas. Pode ser cultivada em meia-sombra, mas floresce com mais vigor em sol-pleno. Essa planta não aceita bem as podas, embora seja razoavelmente rústica, ou seja, não necessita de grandes tratos culturais. O solo deve ser rico em matéria orgânica e ligeiramente arenoso
Propagação: por estacas retiradas após a floração e colocadas para enraizar em substrato, em local protegido
Ciclo de vida: perene

agradecimento
www.artevegetal.com.br; www.jardineiro.net; www.verdeparcela.pt; http://hsw.uol.com.br

Regrinhas básicas
• Ao plantar trepadeiras samentosas e volúveis, abra covas com 30x30x30 cm; para os cipós e arbustos escandentes, o tamanho deve ser maior, com cerca de 50x50x50 cm.
• O lema é "umidade nas raízes e sol na copa".
• Não use vasos se for cobrir o muro ou a parede com hera. Elas precisam de muito espaço. Caso haja frestas, cuide para que não virem trincas podando a unha-de-gato regularmente (até mesmo para os seus galhos não virarem arbustos).
• Na parede da casa, evite a costela-de-adão, com raízes abundantes e grossas, assim como a menos vigorosa jibóia, que são capazes de penetrar em trincas, formar rachaduras e arrebentar o reboco, comprometendo a construção.
• Se você quer esconder encanamentos ou lixeiras, deixe uma abertura para fácil acesso a essas áreas.
• Quando fizer o caramanchão, mantenha o suporte distante da parede, para não prejudicar a planta nem a construção.
• Há arames encapados, próprios para prender a planta ao tutor, nas lojas de jardinagem. Evite fios e arames improvisados, que podem machucar a planta e, pior, a sua mão.
• Cuide para não apertar demais a planta ao suporte e inspecione-a periodicamente, para ver se são necessários novos amarrilhos ou se é melhor soltar ou, ainda, afrouxar os velhos.
• Corte os brotos ladrões, que levam a uma formação indesejada.

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