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EUA formalizam fim da Guerra do Iraque

Em Bagdá, Leon Panetta, secretário de Defesa, agradece a 1,5 milhão de soldados americanos que serviram no país

Confronto, que durou oito anos e foi iniciado pelo então presidente George W. Bush, matou cerca de 119 mil pessoas

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON
SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

Uma cerimônia militar sóbria em Bagdá selou o fim da Guerra do Iraque, 8 anos, 8 meses, 26 dias e pelo menos 119 mil mortos depois de as primeiras bombas caírem sobre a cidade.

Em uma solenidade de 45 minutos no aeroporto da capital iraquiana ontem, as bandeiras dos EUA foram descidas e empacotadas na presença do secretário da Defesa, Leon Panetta.

Nenhum dirigente iraquiano compareceu à cerimônia.

"Após muito sangue de iraquianos e de americanos ter sido derramado, a missão por um Iraque capaz de se governar e de se manter seguro sozinho virou realidade", afirmou Panetta, que agradeceu a 1,5 milhão de soldados dos EUA que serviram no país.

O tom foi mais contido do que o do anúncio do então presidente George W. Bush, em maio de 2003, sobre o fim das principais operações de combate, após Bagdá cair e antes de o apoio popular ao conflito despencar em meio a baixas, gastos e erosão das justificativas para a invasão.

A ocupação lançada por Bush para derrubar Saddam Hussein, sob alegação (depois desmentida) de que ele tinha armas de destruição em massa, custou US$ 800 bilhões, nas estimativas conservadoras, ou US$ 3 trilhões para os economistas Joseph Stiglitz e Linda Bilmes. A guerra que Richard Haass, do Council on Foreign Relations, chamou de "opcional" matou ao menos 104 mil civis iraquianos e 4.487 militares americanos, e estimados 10 mil soldados de Saddam.

Matou também dois brasileiros. Sérgio Vieira de Mello, então o principal nome da ONU no país, foi vítima de um atentado em agosto de 2003. O engenheiro João José de Vasconcellos Jr., da Odebrecht, foi levado por militantes islâmicos em 2005 e só teve o corpo achado após dois anos.

Se os números deixados pelo conflito são superlativos, porém, as respostas sobre o futuro são escassas.

Sua principal fonte de renda, a produção de petróleo, segue aquém do potencial.

"Estou preocupado sobretudo com as disputas territoriais no norte, com as questões entre xiitas e sunitas, com os Filhos do Iraque [coalizão de chefes tribais], com o federalismo, com a divisão das receitas do petróleo -enfim, com questões internas que trazem um componente sectário", disse à Folha Michael O'Hanlon, do centro de estudos Brookings.

O presidente Barack Obama disse, na segunda-feira, que caberá à história julgar se invadir o Iraque foi uma "estupidez", como ele já declarara. Há no país ainda 4.000 soldados americanos, que devem sair semana que vem. Cerca de 200 militares ficarão para proteger a embaixada americana.

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