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Opinião

Após saída dos americanos, papel do Irã é a maior dúvida para futuro iraquiano

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pergunte a um dos tradicionais livreiros da rua Mutanabi, termômetro do espírito da cidade em Bagdá, sobre qual é o pior momento de sua história recente.

Alguns podem citar alguma repressão da era Saddam Hussein, mas nove entre dez falarão dos anos pós-ocupação norte-americana.

O sentido geral é de que os iraquianos veem com muito pouca esperança a organização política deixada pelos invasores e o desenvolvimento econômico que andaria de mãos dadas com ela.

O problema é centrado no governo de Nuri al Maliki, que fez uma enorme "concertação" política e tribal para garantir seu poder desde 2006, mas desde então só acumula problemas e o temor de uma nova guerra civil.

A violência continua. A ONG Iraq Body Count, que contabiliza as baixas civis, registrou em 2011 cerca de dez mortes por insurgência diariamente.

É um avanço sobre o pico de 70 mortes/dia de 2007, quando os EUA aumentaram seu efetivo -mas também quando o Irã ordenou aos xiitas sob sua influência que baixassem a fervura, após terem obtido poder de fato sobre grande parte do país.

Mas, ainda assim, o Iraque é um Estado conflagrado, e é previsível que as autoridades agora sem os norte-americanos sejam testadas por um surto de violência.

Além da frente doméstica, vem de Teerã também a grande dúvida sobre o futuro do Iraque no contexto do Oriente Médio.

Ainda que estejam fora, os EUA terão de manter uma grande operação de inteligência e forças especiais no país, para monitorar os passos do vizinho e rival.

O comportamento dos aiatolás determinará a ação americana.

E um eventual confronto do Ocidente contra o Irã no futuro passa invariavelmente pelo Iraque.

Resumindo: a guerra pode ter terminado oficialmente e certamente teve o mérito de derrubar um tirano, mas a turbulência iraquiana está longe do fim.

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