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Análise Dramaturgo sentia-se mais confortável fazendo oposição JOÃO BATISTA NATALICOLABORAÇÃO PARA A FOLHA Entre os ocidentais, Vaclav Havel (1936-2011) foi o mais festejado dos dirigentes do Leste Europeu após a queda do comunismo. Grande dramaturgo e ensaísta, entre seus atributos havia um jeito meio indignado de fazer política, próprio a alguém que se sentia mais confortável na oposição. Desde o fim de seu segundo mandato presidencial, em 2003, centrou críticas na corrupção e nas relações simbióticas entre o Estado e os interesses empresariais. Visava sobretudo Vaclav Klaus, seu ex-primeiro-ministro e sucessor da chefia do Estado, um partidário do capitalismo desenfreado. Afirmava, em resumo, que a geração de desigualdades neutralizava as iniciativas dos cidadãos e os compartimentava num regime de passividade que era parecido ao comunista (1948-1989). Ele teria herdado no pós-Guerra a fortuna familiar gerada no setor imobiliário. O patrimônio foi confiscado pelo Partido Comunista da então Tchecoslováquia, e ele, membro da classe deposta, foi proibido de cursar o ensino superior. Trabalhador no setor químico, aproximou-se da dramaturgia e teve sua primeira peça encenada em 1963. Integrava uma elite calada de dissidentes que, em 1967, aproximou-se do regime durante a efêmera Primavera de Praga -reformismo sufocado pela invasão militar da União Soviética. Seguem-se anos de "normalização" e dissidência clandestina. Foi um dos três articuladores da Carta 1977, grupo de quase 300 intelectuais que exigia a aplicação dos direitos humanos listados pelos Acordos de Helsinque, dois anos antes. Foi condenado a quatro anos e meio de prisão, sob protesto de partidos comunistas da Europa Ocidental. Seria um dos líderes da Revolução de Veludo, nascida 12 anos depois de imensas demonstrações de rua e que permitiria a transferência pacífica do poder a um governo provisório. Vaclav o chefiou, respeitado que era pelos comunistas que caíram em desgraça em 1967. Eleito presidente, renuncia em 1992 por discordar do plebiscito que dividiu o país. Mas cumpriu em seguida dois mandatos como presidente tcheco. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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