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Análise

Instabilidade assusta aliado e inimigos dos norte-coreanos

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Zona-tampão entre a China e os quase 30 mil soldados dos EUA na Coreia do Sul, a Coreia do Norte está no centro de um delicado tabuleiro de poder regional, que pode ser desarrumado se a sucessão de Kim Jong-il causar instabilidade no regime mais fechado do mundo.

Os chineses são os mais temerosos de um descontrole no aliado problemático, prevendo uma invasão de refugiados e tropas americanas na sua fronteira no momento em que Washington declara que aumentar sua presença no Pacífico é prioridade.

Mas um cenário extremo de colapso também traria dilemas para EUA, Japão e Coreia do Sul, principais inimigos de Pyongyang.

A China tem sido esteio dos norte-coreanos desde que entrou na Guerra da Coreia (1950-1953), empurrando para o meio da península a linha de armistício de um conflito que nunca acabou.

Pequim concluiu, no entanto, que o dogmatismo e o isolamento norte-coreanos são insustentáveis e tem incentivado o regime a uma abertura lenta. Segundo o "New York Times", Kim esteve quatro vezes na China nos últimos 18 meses para examinar projetos econômicos.

Antes, os chineses apostavam que a estabilização viria da Política dos Raios de Sol, aproximação com o norte iniciada nos anos 90 por Seul.

A desconfiança de Pyongyang e sua inclusão no "eixo do mal" de George W. Bush, em 2002, minaram a iniciativa. Em 2006, a Coreia do Norte testou sua bomba, passando a barganhar reconhecimento e ajuda.

Pressão e sanções não funcionaram. Pyongyang dobrou a aposta -fez novo teste nuclear em 2009-, e a influência do Ocidente sobre o regime se tornou desprezível.

A morte de Kim Jong-il aconteceu quando Washington estudava recomeçar as "conversações a seis partes" (Coreias, EUA, China, Japão e Rússia) sobre o programa atômico e negociava o reinício da ajuda alimentar.

Americanos, sul-coreanos e japoneses compartilham o medo de que o arsenal norte-coreano fique desgovernado. Mas tampouco a queda do regime lhes traria benefícios automáticos.

Uma reunificação apressada poderia ser uma carga pesada para a Coreia do Sul, além de incendiar seus setores nacionalistas, que questionam a presença estrangeira. Ao Japão preocuparia a união de territórios que ocupou na Segunda Guerra.

O regime norte-coreano é tão pouco permeável que ninguém aposta em reformas ou caos. Em relatório, o Council on Foreign Relations citou funcionários que já negociaram com Pyongyang para lembrar que o sistema, ancorado nas Forças Armadas (que ficam com 25% do PIB e cujo contingente soma um quinto da população de 24 milhões), tem mostrado uma "resiliência surpreendente".

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