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Polícia argentina invade sede de TV a cabo 50 homens entram em prédio da Cablevisión, do Grupo Clarín, após ordem judicial de intervenção na empresa Ato ocorre no momento de embate de governo e mídia; projeto para controlar papel-jornal está para ser votado GUSTAVO HENNEMANNÁLVARO FAGUNDES DE SÃO PAULO Um batalhão de 50 policiais invadiu na manhã de ontem, em Buenos Aires, a sede da operadora de TV a Cabo Cablevisión, do Grupo Clarín, após uma decisão judicial que determinou intervenção na empresa por 60 dias. Acompanhados do interventor nomeado pela Justiça e de advogados, os soldados da Gendarmeria -polícia especial militarizada que atua nas fronteiras- revistaram bolsas e gavetas dos funcionários nos nove andares da sede. Nenhum documento ou equipamento foi levado. A decisão, expedida por um juiz da província de Mendoza, atende a um pedido do Grupo Uno -também conhecido como Vila-Manzano-, que controla a operadora concorrente Supercanal. O "Clarín" vai recorrer. A invasão teria por objetivo dar apoio ao interventor, que terá como uma das tarefas desmembrar a empresa. Na ação, o "Clarín" é acusado de manter práticas anticompetitivas, como "retenção" de licenças e ofertas com preços "predatórios" muito inferiores aos de mercado para eliminar a concorrência. Desde 2007, quando a Cablevisión fundiu-se com a Multicanal, a operadora detém 46% do mercado de TV a cabo na Argentina. Na época, o presidente Néstor Kirchner avalizou a fusão dias antes de passar o cargo para sua mulher, Cristina Kirchner. No entanto, a partir do ano seguinte, o governo entrou em guerra declarada contra o Grupo Clarín e abriu uma série de processos administrativos para tentar desfazer o negócio em razão de supostas irregularidades nas licenças e na estrutura acionária. Segundo o porta-voz do Grupo Clarín, Martín Etchevers, os donos do Grupo Uno são aliados explícitos do governo e os maiores beneficiados pela publicidade estatal. A empresa serve de "testa de ferro" da Casa Rosada na Justiça e tem objetivos "políticos", disse o porta-voz. Sobre a invasão da sede da Cablevisión, o Clarín disse que se trata de intimidação. "O interventor permaneceu três horas no edifício e não quis ver nenhum documento que oferecemos. Foram truculentos e tinham o objetivo de intimidar", diz Etchevers. O ministro do Interior, Florencio Randazzo, disse ontem que é um "disparate" afirmar que o governo coordenou a invasão. A polícia foi "auxiliar da Justiça", declarou. A ação de ontem surge num momento conflituoso na relação do Clarín com Cristina Kirchner. Reeleita com 54% dos votos, ela assume uma atitude cada vez mais incisiva contra o grupo. Para esta semana, está prevista a aprovação, no Senado, da lei que permitirá ao Estado controlar produção e distribuição de papel-jornal. Cristina tenta ainda destravar na Justiça lei que determina que grandes grupos vendam parte de seus meios. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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