Tragédia possui semelhanças com a do Titanic, há 100 anos

A comparação é inevitável: segundo relatos, o Costa Concordia protagonizou "cenas de Titanic". Na sexta-feira, dia 13 de janeiro de 2012, por volta das 21h (18h, no horário de Brasília), o navio encalhou e, 40 minutos depois, adernou, após choque com pedras da ilha de Giglio, no mar Tirreno, em uma zona muito navegada do Mediterrâneo.

O jantar estava sendo servido no maior e mais luxuoso dos transatlânticos da Costa Cruzeiros e, após o baque, adveio a escuridão.

Com a embarcação encalhada, o primeiro anúncio foi de pane elétrica, mas logo se percebeu que o navio estava cada vez mais inclinado­ -e houve pânico, ingrediente que também mata.

Há cem anos, na viagem inaugural entre a Inglaterra e os EUA, o transatlântico britânico Titanic, então o maior do mundo e supostamente "inafundável", também se chocou com um iceberg.

O acidente ocorreu nas águas gélidas do Atlântico na noite de 14 de abril de 1912. Demorou cerca de duas horas e 40 minutos para o Titanic afundar.

No caso do britânico Titanic, que levava 2.240 a bordo, 1.523 pessoas morreram.

O que intriga no Costa Concordia é por que um transatlântico construído pelo estaleiro Fincantieri, o melhor da Itália e um dos mais renomados do mundo, e dotado de todos os avanços relacionados à navegação, colidiu totalmente fora de rota e adernou.

"Impossível determinar exatamente o que houve", disse Italo Spalvieri, autoridade portuária de Livorno, grande porto da Toscana, onde fica a ilha de Giglio.

A inclinação progressiva do transatlântico e o fato de o acidente ter ocorrido no inverno dificultaram o resgate.

Apesar da pouca distância da ilha, quem se jogou no mar, como no Titanic, se arriscou a morrer de hipotermia. Era noite, outra semelhança com 1912.

Na comparação com gigantescos transatlânticos contemporâneos, as dimensões do Costa Concordia nem são tão imensas assim.

Mas é curiosa a comparação desse navio, que tinha 290 m de comprimento e 114.500 toneladas, com o Titanic, de 260 m e "apenas" 53.000 toneladas.

O número de mortos no Costa Concordia é relativamente pequeno se comparado, por exemplo, às vítimas recentes das chuvas na região serrana do Rio de Janeiro.

Mas, ao que parece, a tragédia poderia ter sido evitada pois, a exemplo do Titanic, pode ter havido negligência ou imperícia.

Para quem cultiva coincidências macabras, a imprensa italiana diz que, quando do lançamento do Costa Concordia ao mar em 2006, a garrafa de champanhe que é tradicionalmente arremessada contra a proa não se rompeu.