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Incêndio em prisão deixa 357 mortos em Honduras

Superlotação é criticada por organização internacional de direitos humanos

As causas do acidente não são conhecidas; presidente suspende autoridades carcerárias durante a investigação

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

Um incêndio deixou ao menos 357 mortos em Honduras, no fim da noite de anteontem, provocando questionamentos sobre as condições do sistema carcerário do país.

O fogo atingiu o presídio de Comayagua, a 75 quilômetros ao norte da capital, Tegucigalpa. A penitenciária estava superlotada, segundo relatam agências de notícias.

Ainda ontem, as informações a respeito do incidente hondurenho eram escassas.

À Folha, o sargento Josué García, do Corpo de Bombeiros de Comayagua, confirmou o número de mortos.

O comandante-geral dos bombeiros de Honduras, Jaime Omar Silva, fez a ressalva, porém, de que os dados são preliminares e "podem subir ou diminuir".

Silva disse que as causas estão sendo investigadas, e um relatório deve ser apresentado hoje.

A mídia local levanta versões para o ocorrido, como um motim ou um desentendimento entre presos. As autoridades não confirmam.

Jornais hondurenhos, como "La Tribuna", especificam alguns dos detalhes, relatando que o fogo começou às 22h50 (horário local) e que o Corpo de Bombeiros só começou a combater o incêndio por volta das 23h30.

Testemunhas ouvidas por repórteres afirmam que alguns prisioneiros conseguiram escapar "empurrando painéis do telhado". Cerca de cem deles fugiram a tempo.

Algumas vítimas do incêndio foram encontradas carbonizadas, e será necessário teste de DNA ou análise da arcada dentária para identificá-los. Familiares dos mortos se dirigiram à prisão e chegaram a lançar pedras contra a polícia, tentando invadir o local.

As forças de segurança reagiram atirando para cima e disparando gás lacrimogêneo.

Autoridades carcerárias do país foram suspensas ontem pelo presidente Porfirio Lobo Sosa, durante as investigações. Ele prometeu que irá "tomar medidas urgentes".

Havia relatos, ontem, de que os bombeiros demoraram para socorrer os presos por terem tido dificuldades de encontrar as chaves do presídio.

OEA

A superlotação de prisões é recorrente no país, com 13 mil presos para a capacidade de 8.000, diz a organização Human Rights Watch.

"Com as prisões superlotadas, prisioneiros enfrentam maiores riscos se uma retirada de emergência for necessária", diz à Folha José Miguel Vivanco, diretor da entidade para os Estados Unidos.

"Não é a primeira vez em que dezenas de prisioneiros morrem em Honduras, e isso provavelmente acontecerá de novo se medidas concretas não forem adotadas", afirma.

José Miguel Insulza, secretário da Organização dos Estados Americanos, pediu ontem o envio de uma delegação para investigar o incêndio.

Com agências de notícias

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