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Para especialista, país precisará de 30 anos para sua recuperação DO ENVIADO A TÓQUIOA reconstrução da área devastada pelo triplo desastre do terremoto de 9 graus, do tsunami e do acidente nuclear de Fukushima é mais complexa que o pós-Segunda Guerra e deve levar 30 anos. A avaliação é do arquiteto Hiroshi Ota, professor da prestigiada Universidade de Tóquio e coordenador de um projeto para a reconstrução de vilas pesqueiras. "Experimentamos muitas vezes a destruição total. A última vez foi Kobe [terremoto em 1995], mas antes tivemos a Segunda Guerra -muitas cidades foram destruídas completamente. Foram 20 anos para a recuperação após a guerra", diz Ota, que tem no seu grupo três estudantes de arquitetura brasileiras. "Desta vez, é mais do que planejamento urbano", disse, em entrevista no seu escritório, em Tóquio. "A recuperação da cidade pode ser um pouco mais rápida do que a das vilas pesqueiras." O projeto de Ota envolve a reconstrução da vila de Shibitachi. Espremido entre o mar e as montanhas, o lugarejo de cerca de 400 anos foi quase todo destruído. Agora, seu grupo, moradores e governo tentam consenso sobre o projeto de reconstrução. As dúvidas incluem construir ou não uma grande barreira no mar de 9,4 m, o melhor traçado para a rota de escape e se vale a pena reconstruir casas próximas à água. Em várias localidades, o impasse se repete. "Há muita confusão sobre qual rumo cada comunidade deve tomar". Defensor de uma arquitetura "resiliente", Ota defende que a parte mais próxima à água se transforme num parque público, com as casas mais afastadas, e se opõe à barreira. Para ele, é preciso que a tecnologia japonesa "fique muito mais flexível e perto da natureza". No final da entrevista, o arquiteto criticou a mídia estrangeira: "No ano passado, notei que a imprensa estrangeira era um pouco exagerada. Mas não acho que os japoneses pensem assim. Esse desastre era algo que tínhamos no nosso sangue. Não é o fim do mundo para os japoneses, é algo que traz uma nova era". Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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