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Atirador mata 4 em escola judaica francesa

Mortes em Toulouse fazem com que a campanha presidencial seja interrompida; minorias têm sido tema central de debate

Sarkozy chama ataque de "tragédia nacional" e faz elevar o alerta antiterror; crime teria elo com dois incidentes

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O assassinato ontem de quatro pessoas, incluindo três crianças, em uma escola judaica de Toulouse, no sul da França, tomou de assalto a campanha presidencial francesa, a poucas semanas do primeiro turno eleitoral.

O crime ocorreu por volta das 8h locais, quando os pais deixavam os filhos na escola.

Segundos relatos da polícia e de testemunhas, um homem de capacete se aproximou da escola Ozar Hatorah numa moto e disparou indiscriminadamente contra quem estava na entrada. Pelo menos 15 tiros foram dados.

Foram mortos o rabino Jonathan Sandler, 30, que ensinava na escola, seus dois filhos, de 3 anos e 6 anos, e uma terceira aluna, de 8 anos. Um rapaz de 17 anos ficou seriamente ferido. O atirador fugiu na moto.

"Esse homem saltou da moto e, do lado de fora da escola, atirou contra todos que estavam perto dele, crianças ou adultos. Crianças foram perseguidas dentro da escola", disse o promotor Michael Valet, de Toulouse.

O Congresso Judaico Mundial condenou o "desprezível ataque terrorista".

A polícia francesa vê ligações entre o crime de ontem e dois episódios anteriores.

O primeiro foi em 11 de março, em Toulouse, quando um homem numa moto matou um soldado. Quatro dias depois, na cidade vizinha de Montauban, um homem também numa moto disparou contra três soldados uniformizados num caixa eletrônico, matando dois deles.

Segundo as autoridades, a mesma pistola calibre 45 e a mesma moto roubada foram usadas nos três casos.

Porém as vítimas anteriores eram muçulmanas e oriundas do norte da África e do Caribe -o que fez com que muitos pensassem se tratar de crimes ligados a minorias, e não apenas contra judeus.

Uma equipe de 120 policiais foi destacada para investigar a onda de crimes. A segurança foi incrementada em prédios ligados às religiões muçulmana e judaica.

Ontem à noite, em Paris, um protesto contra o antissemitismo reuniu ao menos 3.000 pessoas.

O presidente Nicolas Sarkozy, que tenta a reeleição apostando em um discurso centrado na ordem pública e na repressão à violência, interrompeu todos os eventos de campanha até amanhã e se dirigiu ao local do crime.

Sarkozy qualificou o ataque como ato terrorista e disse que a motivação antissemita era "evidente". O alerta antiterror foi elevado ao nível mais alto possível na região.

"O dia de hoje é uma tragédia nacional porque crianças foram mortas a sangue frio", disse Sarkozy. "Barbaridade, selvageria e crueldade não podem vencer. O ódio não pode vencer. Iremos encontrá-lo [o assassino]", disse ainda.

O candidato da oposição, o socialista François Hollande, também parou a campanha.Debates na TV foram cancelados. O primeiro turno é em 8 de abril.

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