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Análise

Ataque liga o alarme contra intolerância aos judeus no país

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É até possível que o atentado que matou um professor e três crianças diante de uma escola judaica na França tenha como origem um psicopata sem ligação com o terrorismo antissemita.

Mas bastou para ligar novamente o alarme contra a intolerância histórica de extremistas franceses contra os judeus -só 1% num país de 65,6 milhões de habitantes.

O Ministério do Interior determinou, já ontem pela manhã, o reforço do policiamento em torno das escolas confessionais frequentadas pela comunidade. Nos últimos cinco anos, diz "Le Monde", 487 escolas, creches, centros comunitários e sinagogas estão sob vigilância especial.

Os atentados, hoje em declínio, não provocavam mortes desde 1982, quando granadas lançadas num restaurante judaico de Paris mataram seis e feriram 22. Seguiram-se incêndios criminosos contra escolas e um cinema que abrigava em 1985 um festival de cinema judaico.

Os judeus, tornados cidadãos por Napoleão Bonaparte (1806), foram no século 19 bodes expiatórios do extremismo monarquista, que temia uma suposta descristianização, a seu ver estimulada por "estrangeiros".

Nos anos 1920-1939, a extrema direita era na França fundamentalmente antissemita. Alguns dos grandes dirigentes da esquerda eram então judeus, como Léon Blum, premiê de 1936 a 1938.

Na ocupação alemã (1940-1944), os judeus formaram o grosso dos 200 mil franceses deportados e exterminados em campos de concentração.

A arma usada ontem pelo homicida, diz a polícia, é a mesma que matou há nove dias um sargento de origem muçulmana, também em Toulouse. Exatamente como ocorreu na última quinta com dois militares de origem semelhante em Mountaban.

O problema é o de saber quem estimula atentados contra as minorias. Os extremistas da Frente Nacional, anti-islâmica e antissemita, andam inspirados e com candidatura própria às eleições presidenciais de abril.

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