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Militante solitário, morto simbolizava nova ameaça

DAN BILEFSKY
MAIA DE LA BAUME
DO “NEW YORK TIMES”, EM PARIS

Para as autoridades europeias, Mohamed Merah, 23, suspeito de matar sete pessoas no sudoeste da França, representava a espécie de insidiosa ameaça que mais temem: militante local consumido por queixas profundas que se identificava com a Al Qaeda, mas operava sozinho.

Merah vivia à margem da sociedade francesa. Um jovem alienado, mas de fala mansa, que protestava contra o sofrimento palestino e se envolvia em pequenos crimes, como roubo de bolsas.

Foi durante uma de suas passagens pela prisão que Merah, cidadão francês descendente de argelinos, se politizou. Mais tarde, ele viajou ao Afeganistão e ao Paquistão, onde disse ter sido treinado.

Merah disse a negociadores que o assassinato de um rabino e três crianças judias, bem como os ataques fatais contra três soldados franceses, nos últimos dias, serviam para vingar a morte de crianças palestinas em Gaza e como protesto contra as intervenções estrangeiras da França.

Há preocupação na Europa quanto a jovens muçulmanos como Merah, radicalizados via internet ou na prisão. Boa parte da preocupação quanto ao terrorismo interno se concentra nesses jovens, que podem ter recebido pouca instrução religiosa formal, mas são suscetíveis aos apelos da jihad. Suas vidas foram marcadas por decepção, crime e desemprego.

Merah era parte de uma família com cinco filhos em Toulouse, e reportagens informam que ele foi mecânico e o Exército francês o rejeitou.

Conhecido da polícia como criminoso frequente, ele tinha quase uma dúzia de condenações em sua ficha. Mas dois amigos de Merah citados pelo diário "Le Figaro" o descrevem como um jovem polido que "nunca usou barba" e "jamais expressou sentimentos antijudaicos".

Especialistas em terrorismo dizem que o enfraquecimento da estrutura organizacional da Al Qaeda torna improvável que ele tenha sido recrutado na Europa numa operação coordenada.

Dizem que sua defesa dos palestinos era típica da causa unificadora alegada pelos radicais que declaram aliança à Al Qaeda ainda que ajam sozinhos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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