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Irã deve ser tema lateral em encontro de Dilma e Obama

Programa nuclear persa é principal ponto de divergência nas relações entre os países

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Principal ponto de divergência entre o Brasil e os EUA hoje, o Irã pode acabar mencionado apenas lateralmente e de forma protocolar na conversa entre Dilma Rousseff e Barack Obama na Casa Branca nesta segunda-feira.

A questão é obrigatória na visão de vários observadores.

Mas, com a posição dos dois países sobre o programa nuclear iraniano cristalizada (Obama defende mais sanções para ampliar a pressão, e Dilma reiterou na semana passada que o Brasil considera o mecanismo "perigoso"), nenhum lado sabe como e quanto abordar o tema durante a visita oficial.

"Não será surpresa que questões sobre o Oriente Médio e o norte da África apareçam na conversa, como já ocorreu, mas não dá para saber que países estarão agora no foco dos presidentes", desconversou um representante sênior da Casa Branca ao ser indagado sobre o Irã em briefing sobre o encontro.

Para João Augusto de Castro Neves, analista de América Latina na consultoria Eurasia, porém, "pelo menos um dos lados deve querer evitar mencionar o Irã".

Diplomatas brasileiros apontam pouco interesse de Dilma em se estender sobre o tema ou mesmo em buscar outra oportunidade de mediação, após a tentativa feita em maio de 2010 com a Turquia e rechaçada pelos EUA.

Os americanos tampouco dão sinal de querer incluir o Brasil nas tratativas sobre o Irã, afirmam pessoas familiarizadas com as negociações.

O episódio de 2010 causou mal estar de ambos os lados à época, sobretudo após os EUA chamarem a posição brasileira de "ingênua". "Mas agora, claramente, a tensão baixou", diz Peter Hakim, presidente honorário do centro de estudos Inter-American Dialogue.

Sendo assim, afirmam diplomatas, a tendência é "deixar o assunto de lado" nas três horas de conversa que os dois presidentes manterão (em boa medida, definidas pelo calor do momento).

"Washington já conhece bem a objeção de Brasília a sanções e seu porquê, e Brasília tem visão clara da posição de Washington de usar sanções como instrumento de pressão", lembra Julia Sweig, diretora da Iniciativa Brasil Global no centro de estudos Council on Foreign Affairs e colunista da Folha.

Para ela, não haverá surpresas em um eventual diálogo sobre o tema entre Dilma e Obama -o qual seria, a seu ver, nada além de uma "administração da discordância" entre os dois.

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