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Síria mata mais 5, apesar do cessar-fogo

ONU tenta acelerar envio de observadores para monitorar acordo obtido por Kofi Annan entre regime sírio e oposição

Plano, que garante o direito a manifestações pacíficas, não foi cumprido pelas forças de segurança de Assad

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Enquanto a ONU tentava acelerar o envio de observadores para monitorar o cessar-fogo na Síria, ao menos cinco manifestantes foram mortos ontem em protestos contra o regime do ditador Bashar Assad, segundo ativistas da oposição.

O frágil cessar-fogo que entrou em vigor na manhã de quinta-feira é apenas um dos seis pontos do plano de paz intermediado pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan.

O plano, aceito pelo regime sírio, também garante o direito a manifestações pacíficas, mas esse ponto não foi cumprido pelas forças de segurança nesta sexta-feira, tradicional dia de protestos.

Também não houve a retirada de tropas das cidades, como exige a iniciativa.

Em vários partes do país, opositores do regime saíram às ruas após as orações nas mesquitas e foram reprimidos com tiros e bombas de gás lacrimogêneo.

Após 13 meses de revolta contra Assad e mais de 9.000 mortos na repressão do regime, de acordo com a ONU, poucos pareciam crer que a trégua tenha vida longa.

No distrito de Qadam, na capital, Damasco, manifestantes ergueram cartazes com os dizeres: "Bashar pode rir do mundo inteiro, mas não do povo sírio".

O regime voltou a acusar "grupos terroristas" pela violência. De acordo com a agência de notícias estatal Sana, duas pessoas foram mortas a tiros por rebeldes armados.

TESTE

Os protestos de ontem foram considerados o primeiro grande teste do plano de paz. A continuação das hostilidades, porém, não significa o fracasso do cessar-fogo, disse o porta-voz de Annan, Ahmed Fawzi, que pediu comedimento aos dois lados.

"Sempre que há um cessar-fogo acontecem atritos", disse à TV Al Jazeera. "Pode ser que as hostilidades continuem por horas ou dias, mas o fato é que os bombardeios pesados foram suspensos".

Annan pediu ao Conselho de Segurança da ONU que aprove o quanto antes o envio de observadores ao país. A missão teria entre 200 e 250 monitores desarmados.

Fawzi afirmou que o governo sírio aprovou a missão, que apenas espera o sinal verde do CS. Segundo ele, um contingente avançado "entre dez e 12 observadores" está pronto para embarcar.

O porta-voz acrescentou que eles integram missões de paz da ONU na região de países "aceitos pelo regime Assad", da América do Sul, Ásia e África. Atualmente o Brasil tem cerca de 250 militares na Unifil, a missão de paz da ONU no Líbano.

As articulações para aprovar a missão no CS da ONU esbarravam ontem nas críticas da Rússia ao texto redigido pelos EUA.

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