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Análise Número não surpreende, e 'pouso suave' parece possível MARCOS CARAMURU DE PAIVAESPECIAL PARA A FOLHA A informação oficial de que a China cresceu 8,1% no primeiro trimestre não surpreende. Recentemente, Banco Mundial e Banco Asiático de Desenvolvimento reviram para baixo a perspectiva de crescimento em 2012 -para 8,7% e 9,1%, respectivamente. Os números ainda estão acima do que o governo prometeu produzir: 7,5%. Se o crescimento faltar, o governo já anunciou a medicina. Vai ampliar o crédito, reduzir juros, investir em infraestrutura e, finalmente, flexibilizar as limitações para a compra de imóveis, para estimular a construção civil. Não parece ser o caso, agora, de cogitar medidas mais drásticas. Tudo leva a crer que, com algum aumento dos recursos disponíveis para empréstimos, será possível evitar o "hard landing". A economia global agradecerá. Os empresários sentem o tranco do desaquecimento. As vendas de veículos caíram 3,4% no primeiro trimestre, os custos sobem, a taxa de crescimento das importações cai -sinal de que a demanda interna está desaquecida-, a exportação segue insegura. Apesar das reduções recentes do compulsório dos bancos, os empréstimos do sistema financeiro ainda não fluem como no passado, o que afeta vários segmentos, sobretudo a construção, pilar da economia. O ambiente no setor privado é, em geral, de baixo entusiasmo. Contrasta com isso um bombardeio de declarações das autoridades no sentido de que a China vai avançar em reformas estruturais. Fala-se em mais ousadia na abertura da conta de capital, em menos restrição à mobilidade geográfica dos trabalhadores e, para surpresa geral, na redução do peso do Estado no setor financeiro. Fatos políticos, como o afastamento do conservador Bo Xilai, parecem indicar que o caminho está mais aberto para os modernizadores. Reformas estruturais profundas vão demandar adaptação do segmento produtivo. Acostumado a ampliar a fábrica sem se preocupar com eficiência e produtividade, o empresário chinês terá que se moldar a um novo mundo. Novas oportunidades de negócios surgirão -no setor financeiro, por exemplo. Mas os empresários não preveem vida fácil. E se sentem inseguros quanto a qual será exatamente a orientação das autoridades a partir de 2013. O pragmatismo do governo, não raro, impressiona. Há meses, identificou-se na cidade de Wenzhou um crescimento excessivo dos financiamentos informais. Esperava-se repressão à agiotagem, mas a China anunciou o contrário: fará em Wenzhou experiência-piloto em que autorizará os emprestadores informais a formar companhias para investir em pequenas e médias empresas. Em outras palavras, nunca é óbvio antecipar o futuro. MARCOS CARAMURU DE PAIVA é sócio e gestor da KEMU Consultoria, com sede em Xangai. Foi embaixador na Malásia e diretor do Banco Mundial. Colabora com o blog Vista Chinesa, da Folha.com Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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