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Strauss-Kahn acusa aliados de Sarkozy de destruir sua carreira

Ex-chefe do FMI diz que inteligência francesa o vigiava antes de ele ser preso nos EUA sob acusação de estupro

Segundo Strauss-Kahn, inimigos políticos agiram para impedir sua candidatura à Presidência da França

ED PILKINGTON
DO "GUARDIAN"

O ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn acusou inimigos políticos ligados ao presidente Nicolas Sarkozy e a seu partido, UMP, de destruírem sua chance de se candidatar à Presidência francesa, arquitetando o escândalo que explodiu no ano passado, quando ele foi acusado de estuprar uma camareira de hotel em Nova York.

Em entrevista exclusiva ao "Guardian", Strauss-Kahn disse não acreditar que o incidente com a camareira Nafissatou Diallo tenha sido arquitetado por terceiros.

O ex-chefe do Fundo, porém, afirmou que a escalada subsequente dos acontecimentos, resultante numa investigação criminal que destruiu suas chances de chegar à Presidência, foi "moldada por pessoas com uma agenda política" e que "é mais do que mera coincidência".

Strauss-Kahn, 63, alega que começou a ser vigiado pela inteligência francesa semanas antes de ser detido por suspeita de agressão sexual a Diallo. Ele acusa agentes ligados a Sarkozy de interceptar telefonemas e garantir que a camareira fosse à polícia.

"Talvez eu tenha sido politicamente ingênuo -simplesmente não acreditei que eles pudessem ir tão longe", disse o ex-chefe do FMI ao jornalista Edward Jay Epstein.

As acusações vêm à tona dias antes do segundo turno presidencial, em 6 de maio. Até sua derrocada, Strauss-Kahn estava à frente de François Hollande, atual candidato socialista, nas preferências para a indicação do partido e era visto como provável vencedor da eleição.

O ex-chefe do FMI disse não ter dúvidas de que acabaria ocupando o Palácio do Eliseu. Suas alegações, afirma, baseiam-se nos estudos que ele próprio fez em 11 meses -com ajuda de um serviço privado de investigação- das imagens das câmeras de vigilância do hotel e de registros de ligações de celulares.

Os promotores de Nova York arquivaram as acusações contra Strauss-Kahn em agosto, após constatarem que Diallo era uma testemunha pouco digna de crédito, e ele descreve como "consensual" o encontro com a camareira.

Mas Diallo leva adiante o seu processo cível, pede indenização por danos e alega que foi atacada no trabalho.

Sarkozy, que teve papel-chave em nomear Strauss-Kahn para a direção do FMI, vem usando seu nome repetidas vezes para atacar os socialistas. Num comício recente, disse: "Não aceitarei aulas de moral, especialmente não da esquerda que queria pôr Strauss-Kahn no Eliseu".

Em março, o ex-chefe do FMI foi acusado de envolvimento com rede de prostituição. Ele se nega a falar disso, alegando restrições legais.

Tradução de CLARA ALLAIN

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