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Junta egípcia determina toque de recolher

Objetivo de militares é conter mais uma onda de protestos no Cairo, que começou após ataque a manifestantes

Mesmo com eleição marcada para junho, teme-se que civis não assumam controle do governo do país

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A junta militar do Egito decretou ontem toque de recolher nas cercanias do Ministério da Defesa, no Cairo, após dois dias de confrontos que aprofundaram o caos eleitoral no país.

A nova onda de distúrbios começou anteontem, quando ao menos 11 pessoas morreram num ataque de autoria desconhecida a manifestantes que protestavam contra o governo.

A junta negou as acusações de que estava por trás da violência, mas não convenceu as milhares de pessoas que marcharam em protesto em direção ao ministério.

Numa repetição dos confrontos com o Exército que se tornaram rotina desde a queda do ex-ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, manifestantes enfrentaram os soldados e foram rechaçados com jatos d'água e gás lacrimogêneo.

Segundo o Ministério da Saúde, 296 pessoas ficaram feridas. Jornalistas no local dizem ter ouvido disparos de armas de fogo, que o Exército nega ter usado.

Depois de horas de confrontos, o Exército anunciou toque de recolher na área do Ministério da Defesa das 23h até as 7h.

O general Mukhtar El Mulla culpou "elementos irresponsáveis" que tentaram romper a barricada em torno do ministério e atacaram os soldados com pedras e bombas incendiárias.

O protesto iniciado na quinta por salafistas (muçulmanos ultraconservadores), contra a desqualificação de seu candidato presidencial, ganhou ontem a adesão de outros críticos da junta militar, como grupos jovens.

Ela ocorre num momento crítico da transição deflagrada na revolta que lideradas pelos mesmos jovens contra Mubarak. A eleição presidencial marcada para 23 e 24 deste mês deveria marcar o fim dessa fase turbulenta que já dura 15 meses.

A instabilidade que volta a transformar as ruas do Cairo em campo de batalha é alimentada pela desconfiança generalizada de que os generais não pretendem entregar o poder. Mas a junta militar reiterou que manterá o plano de deixar o governo no fim de junho, após um eventual segundo turno da eleição.

As pesquisas apontam como favoritos o ex-chanceler de Mubarak Amr Moussa e o islamita moderado Abdel Abol Fotouh.

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