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Rússia usa violência para conter oposição

Mais de 400 manifestantes foram presos durante protesto um dia antes da posse do presidente eleito Vladimir Putin

Governante começa seu terceiro mandato à frente do Kremlin; protestos questionam a legitimidade da eleição

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um dia antes da posse de Vladimir Putin para seu terceiro mandato como presidente, o governo reprimiu com violência as manifestações que reuniram mais de 20 mil pessoas em toda a Rússia.

Ao menos 400 pessoas foram presas em Moscou, entre elas figuras-chave da oposição como o blogueiro Alexei Navalny, o ex-vice-premiê Boris Nemtsov e o líder de esquerda Sergei Udaltsov.

Pelo menos seis manifestantes e três policiais tiveram de ser hospitalizados após os confrontos, nos quais opositores atiraram garrafas, pedras e mastros de bandeira, e as forças de segurança revidaram com cassetetes e bombas de gás.

Segundo jornalistas presentes nos protestos, policiais atingiram muitos manifestantes na cabeça, e alguns, ao serem detidos, foram arrastados pelos cabelos até as viaturas.

"Putin mostrou sua verdadeira face, mostrou como ele 'ama' seu povo -com a força policial", disse o analista de sistemas Dmitry Gorbunov, 35, à Reuters.

A chamada "Marcha dos Milhões" exigia uma hora de transmissão nas emissoras estatais do país para explicar os motivos do protesto contra Putin.

O Ministério do Interior russo disse que as prisões -realizadas em sua maioria na praça Bolotnaya- foram motivadas por "atos contrários à lei, desordem pública e desacato às forças da ordem".

Os protestos de ontem começaram pacíficos, com os participantes -entre eles famílias com crianças- seguindo em direção a uma região próxima ao Kremlin.

Os ânimos se exaltaram quando uma tropa de choque bloqueou o acesso à ponte que conduz ao palácio presidencial, e os manifestantes formaram uma corrente humana. A reação dos policiais foi violenta e os confrontos, os mais intensos desde os protestos motivados pela vitória de Putin em 1999.

Dmitry Peskov, porta-voz do presidente eleito, defendeu a ação das forças de segurança. "Gostaria que eles tivessem sido mais duros."

A oposição alega fraude e não aceita o resultado das eleições de março passado, quando Putin venceu no primeiro turno.

OBSERVADORES

A mais importante missão de observadores a acompanhar a votação na Rússia registrou, na época, "sérios problemas" no pleito, já que não houve uma "competição real" e o "abuso dos recursos do governo garantiram que jamais houvesse dúvidas sobre o vencedor".

Putin inicia seu terceiro mandato hoje como presidente -ele esteve no posto também entre 1999 e 2008. Desde então, era primeiro-ministro. Para a oposição, no entanto, ele nunca deixou de ser o homem no comando do país.

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