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Para analistas, discussão sobre direitos é política

DA ENVIADA A PEQUIM

O tema de direitos humanos, um dos mais controversos envolvendo a China hoje, não ficou de fora das discussões entre acadêmicos em Pequim. No entanto, foi dos chineses que vieram as críticas: sobre como as potências ocidentais "instrumentalizam" o termo hoje.

"Os direitos humanos são uma arma política do Ocidente. Só se fala de violações de direitos humanos em países que não são amigos dos EUA", afirmou a professora Lydia Liu (Universidade Columbia).

Nas últimas semanas, a perseguição a que são submetidos opositores ao governo na China foi exposta mais uma vez, após a fuga do dissidente cego Chen Guangcheng, de sua prisão domiciliar. Ele se abrigou na embaixada americana e denunciou as agressões que sofria do regime.

Liu diz, no entanto, que há uma visão deturpada nos países ocidentais -reforçada pela mídia- sobre a condição de direitos humanos na China.

"O Ocidente acusa o governo chinês de atentar contra direitos civis e políticos, mas ninguém presta atenção nos direitos econômicos e sociais -essenciais para o direito à vida e defendidos pela China- que são violados em outros países", argumenta.

Segundo ela, não há um controle estatal da internet na China como o divulgado pelo Ocidente. "Aqui, você acha vários tipos de debate na internet, inclusive críticas ao governo", diz.

O regime proíbe a pesquisa de certos termos em sites de busca, vigia blogueiros e apaga páginas com temas polêmicos. Redes sociais como Facebook e Twitter são proibidas, mas há as redes criadas pelos próprios chineses, monitoradas pelo governo.

A interpretação de Liu é compartilhada por Wang Ning, da Universidade Tsinghua. "Hoje, somos livres para criticar alguns líderes. No passado, não era possível."

Wang, porém, admite que não é possível publicar "opiniões críticas em alguns órgãos governamentais". "Se discutirmos direitos humanos na mídia, por exemplo, é possível que isso seja cortado."

Wang defende os "avanços" conseguidos até agora. "Não podemos esperar ter as mesmas condições de direitos humanos de outros países. Isso leva tempo."

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